Publicado 12-09-2023
Palavras-chave
- cultura híbrida,
- decolonialidade,
- filosofias africanas,
- justiça como equidade,
- justiças pluriversais
Como Citar
Copyright (c) 2023 Adalberto Arcelo, Joaquim Leonardo Lopes Louzada de Freitas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Resumo
Este trabalho propõe uma análise da estrutura de conhecimento moderno-colonial, materializada na teoria da justiça de John Rawls, vez que esta atualiza o paradigma da consciência como condição de possibilidade da ordem do discurso, redimensionando a linha abissal entre o ser e o não ser, transformando-a em vala comum para o depósito, a subalternização e a eliminação de corpos e de existências não brancas. Neste cenário, a teoria da justiça de Rawls repercute como uma teoria racializada, contribuindo para a exclusão de corpos orientados por outras cosmovisões — não ocidentais — do acesso a um pretenso sistema racional de justiça. Trata-se de uma imparcialidade farsante, operacionalizada através da abstração das relações sociopolíticas e raciais. Percebe-se que a aplicação desse sistema simbólico no contexto brasileiro, fortemente marcado pelo hibridismo cultural constitutivo de nossa genealogia, redunda na atualização de tradições subalternizantes e subalternizadas — daí a urgência em se atentar para possibilidades de deliberação por justiças pluriversais. Subsídios fornecidos pela filosofia social crítica e decolonial são empregados para impulsionar a visibilização de tradições pretas ancestrais e, especificamente, de saberes e poderes dos Orixás Exu e Xangô. Promove-se, assim, concepções transculturais de justiça, habilitadas a superar a perversa linha abissal subjacente a narrativas de justiça desumanizantes.
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