v. 6 n. 1 (2025): Limiares destituintes: política, direito, teologia e linguagem (jan/jun 2025)
Dossiê especial

Liminares destituintes da vida nua: ser-em-êxodo

Daniel Arruda Nascimento
Universidade Federal Fluminense
Biografia
Paulo Ricardo Barbosa de Lima
Universidade Federal do ABC
Biografia

Publicado 25-03-2025

Palavras-chave

  • Giorgio Agamben,
  • vida nua,
  • êxodo

Como Citar

NASCIMENTO, Daniel Arruda; LIMA, Paulo Ricardo Barbosa de. Liminares destituintes da vida nua: ser-em-êxodo. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. e56382, 2025. DOI: 10.53981/destrocos.v6i1.56382. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/56382. Acesso em: 25 dez. 2025.

Resumo

Partindo da noção de ser-em-êxodo em Giorgio Agamben, o presente artigo explora as possibilidades iniciais de uma virada no conceito de vida nua, ou seja, uma releitura da nudez da vida que faça emergir expressões de resistência, ao mesmo tempo em que aponte novas comunialidades, com especial enfoque no projeto filosófico Homo sacer. Para tanto, o texto relaciona a ideia de ser-em-êxodo às figuras contemporâneas que se deslocam para além de territórios, fronteiras e geografias como os refugiados e os migrantes de sobrevivência, bem como aos movimentos culturais que transitam pelas cidades, a exemplo dos rolezinhos e pancadões. Tais deslocamentos já não encontram refúgio no interior das categorias políticas ordinárias, razão pela qual devem ser investigados, pois podem efetivamente portar em si as sementes de uma nova política que supere a atual. Ao mesmo tempo em que enfrentam oposições e se deparam com mecanismos de captura, bloqueio, controle e repressão, essas vidas enunciam formas de associação, cooperação e contestação, impulsionando, diante das dificuldades, novos usos, percursos, novas conexões, saídas e alternativas.

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