v. 2 n. 2 (2021): Dossiê - Constituinte e destituinte: poderes, potências e pensamento (des)instituinte (jul/dez 2021)
Dossiê especial

Contra a Constituição da "democracia protegida": a emergência do processo constituinte chileno 2021-2022

André Freire Azevedo
Universidade de Brasília, Brasília, Brasil
Biografia

Publicado 17-04-2022

Palavras-chave

  • convenção constituinte chilena 2021-2022,
  • história constitucional chilena,
  • Constituição chilena de 1980,
  • Constituição chilena de 2022,
  • poder constituinte

Como Citar

FREIRE AZEVEDO, A. Contra a Constituição da "democracia protegida": a emergência do processo constituinte chileno 2021-2022. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 11–28, 2022. DOI: 10.53981/destroos.v2i2.36836. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/36836. Acesso em: 23 abr. 2024.

Resumo

O presente trabalho é uma pesquisa exploratória desenvolvida no campo da história constitucional sobre a emergência do processo constituinte chileno de 2021-2022. O objetivo é compreender, em linhas gerais, em que sentido direito e política se relacionam no processo histórico-constitucional chileno a partir do marco da constituição outorgada pela Junta Militar. O trabalho emprega como fio condutor algumas das principais críticas formuladas à Constituição de 1980: (i) sua imposição ilegítima; (ii) seus limites à participação política, em virtude do modelo de “democracia protegida” adotado; e (iii) seus limites à atuação do Estado para garantir direitos sociais e intervir no domínio econômico. Nesse quadro, o trabalho busca compreender o processo de institucionalização constitucional do projeto da ditadura chilena e (iv) as tentativas de modificá-lo ou superá-lo, analisando em quais sentidos a constituição se coloca como obstáculo às reivindicações populares que tiveram seu ápice no chamado “estallido social”. Concluímos (v) com a hipótese de que a “convenção constituinte” chilena, em sua emergência partindo de uma crítica ao núcleo do projeto constitucional pinochetista, vai levar as persistentes disputas sobre a memória e o legado da ditadura ao centro do palco: o que a modernização autoritária promovida pela ditadura efetivamente constituiu?

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. ACKERMAN, Bruce. We the people: foundations. Cambridge: Belknap, 1991.
  2. ATRIA, Fernando. La Constitución tramposa. Santiago: LOM, 2013.
  3. BELLO, Enzo; BERCOVICI, Gilberto; LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto. O fim das ilusões constitucionais de 1988? Revista Direito e Práxis, v. 10, n. 3, pp. 1769-1811, 2019.
  4. BOREL, Marcelo. Ascensão e queda do sistema binominal Chileno. Polis Revista Latinoamericana, n. 54, 2019.
  5. CARRILLO, Marc. Las hipotecas de la Constitución de Chile. Revista de Estudios Politicos, n. 115, pp. 81-98, 2002.
  6. CAVALLO, Gonzalo Aguilar. Derechos sociales en Chile: la oportunidad de la cohesión social. Revista do Direito, v. 2, n. 46, pp. 159-183, 2015.
  7. CLARK, Giovani; CORRÊA, Leonardo Alves; NASCIMENTO, Samuel Pontes do. Ideologia constitucional e pluralismo produtivo. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, pp. 265-300, 2013.
  8. COUSO, Javier. Trying democracy in the shadow of an authoritarian legality: Chile’s transition to democracy and Pinochet’s Constitution of 1980. Wisconsin International Law Journal, v. 29, n. 2, pp. 393-415, 2011.
  9. DÁVILA, Jerry. Dictatorship in South America. Chichester; West Sussex: Wiley-Blackwell, 2013.
  10. ENCINAR, Jose Juan Gonzales; MIRANDA, Jorge; LAMOUNIER, Bolívar; et al. El proceso constituyente. Deducciones de cuatro casos recientes: España, Portugal, Brasil y Chile. Revista de Estudios de la Justicia, n. 76, pp. 7-27, 1992.
  11. FERNANDES, Luan Aiuá Vasconcelos. A explosão social chilena e os debates em torno da Constituição. Le Monde Diplomatique, 2020.
  12. FERRADA BÓRQUEZ, Juan Carlos. La constitución económica de 1980: algunas reflexiones críticas. Revista de Derecho, v. XI, pp. 47-54, 2000.
  13. FISCHER, Karin. The influence of neoliberals in Chile before, during, and after Pinochet. In: MIROWSKI, Philip; PLEHWE, Dieter (eds.). The road from Mont Pèlerin: the making of the neoliberal thought collective. Cambridge: Harvard University, pp. 305-346, 2009.
  14. FREITAS, Lorena Martoni de. Sublevação e manifestação da vontade destituinte: Contribuições à teoria do poder constituinte a partir de Michel Foucault. 2021. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito e Ciências do Estado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2021.
  15. FUENTES, Claudio A. A matter of the few: dynamics of constitutional change in Chile, 1990-2010. Texas Law Review, v. 89, n. 7, pp. 1741-1775, 2011.
  16. GARRETÓN, Manuel Antonio; GARRETÓN, Roberto. La democracia incompleta en Chile: La realidad tras los rankings internacionales. Revista de Ciencia Política, v. 30, n. 1, pp. 115-148, 2010.
  17. GARRETÓN, Rodrigo Vallejo. La constitución económica Chilena: un ensayo en (de) construcción. Estudios constitucionales, v. 14, n. 1, pp. 247-290, 2016.
  18. GAUDICHAUD, Franck. Las fisuras del neoliberalismo maduro chileno. Buenos Aires: CLACSO, 2015.
  19. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987.
  20. HEISS, Claudia; NAVIA, Patricio. You win some, you lose some: constitutional reforms in Chile’s transition to democracy. Latin American Politics and Society, v. 49, n. 3, pp. 163-190, 2007.
  21. HEISS, Claudia. Chile: la Constitución que viene. Nueva Sociedad, mai. 2021.
  22. HEISS, Claudia. Legitimacy crisis and the constitutional problem in Chile: a legacy of authoritarianism. Constellations, v. 24, n. 3, pp. 470-479, 2017.
  23. HEISS, Claudia. Participación política y elaboración constitucional: el caso de Chile. Derecho y Crítica Social, v. 4, n. 1, pp. 115-138, 2018.
  24. HERNÁNDEZ, Salvador Millaleo. Los pueblos originarios ante el horizonte de una nueva constitución. Anales de la Universidad de Chile, n. 13, pp. 241-259, 2017.
  25. HESPANHA, António Manuel. Questões de etiqueta jurídica: se, como e por que a história constitucional é uma história jurídica. In: CARVALHO, José Murilo de; CAMPOS, Adriana Pereira (eds.). Perspectivas da cidadania no Brasil Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, pp. 355-376, 2011.
  26. HILBINK, Lisa. ¡Nueva Constitución o nada! Promesas y trampas del momento constitucional chileno. Derecho y Crítica Social, v. 6, n. 1, pp. 96-102, 2020.
  27. HUENCHO, Verónica Figueroa. Pueblos indígenas y consolidación democrática: desafíos para un reconocimiento constitucional de sus derechos en Chile. Anales de la Universidad de Chile, n. 10, pp. 147-169, 2016.
  28. HUNEEUS, Carlos. The Pinochet regime. Boulder: Lynne Rienner, 2007.
  29. MAINWARING, Scott; BRINKS, Daniel; PÉREZ-LIÑÁN, Aníbal. Classificando regimes políticos na América Latina, 1945-1999. Dados, v. 44, n. 4, pp. 645-687, 2001.
  30. MORA, Gabriel. El 18 de octubre chileno y algunas perspectivas latinoamericanas. Derecho y Crítica Social, v. 6, n. 1, pp. 1-37, 2020.
  31. MOULIAN, Tomás. Chile actual: anatomia de un mito. Santiago: LOM ediciones, 1997.
  32. NAVIA, Patricio. ¿Si puedes repararla, para qué reemplazarla? Democratizar la Constitución de Pinochet en Chile. Política y gobierno, v. 25, n. 2, pp. 485-499, 2018.
  33. NEGRETTO, Gabriel L. Procesos constituyentes y refundación democrática: el caso de Chile en perspectiva comparada. Revista de ciencia política (Santiago), v. 35, n. 1, pp. 201-215, 2015.
  34. NINO, Carlos. The debate over constitutional reform in Latin America. Fordham International Law Journal, v. 16, n. 3, 1992.
  35. PAIXÃO, Cristiano. Autonomia, democracia e poder constituinte: disputas conceituais na experiência constitucional brasileira. Quaderni fiorentini, v. XLIII, pp. 415-458, 2014.
  36. PAIXÃO, Cristiano. Past and future of authoritarian regimes: constitution, transition to democracy and amnesty in Brazil and Chile. Giornale di storia costituzionale, v. 30, n. 2, pp. 89-105, 2015.
  37. PASTOR, Daniel. Origins of the Chilean binominal election system. Revista de ciencia política (Santiago), v. 24, n. 1, pp. 38-57, 2004.
  38. PEREIRA, Anthony W. Ditadura e repressão: o autoritarismo e o Estado de Direito no Brasil, no Chile e na Argentina. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
  39. QUINTANA, Fernando. El derecho de la rebelión: soberanía, política y derecho en la revuelta de Octubre. Derecho y Crítica Social, v. 6, n. 1, pp. 38-67, 2020.
  40. RAGONE, Sabrina; IGNACIO, José.; LEIVA, Núñez. Algunas coordenadas esenciales sobre la Convención Constitucional. DPCE Online, v. 46, n. 1, 2021.
  41. RAMÍREZ, Simón. Constitución chilena y gubernamentalidad neoliberal. Derecho y Crítica Social, v. 5, n. 2, pp. 82-121, 2019.
  42. SALDAÑA, José. Reformas constitucionales en el Chile democrático: análisis de tendencias 1992-2008. In: FUENTES, Claudio A. (ed.). En nombre del pueblo. Debate sobre el cambio constitucional en Chile. Santiago: ICSO - Universidad Diego Portales, pp. 85-112, 2010.
  43. SIMON, Roberto. O Brasil contra a democracia: a ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
  44. UGARTE, Augusto Pinochet. Nueva institucionalidad en Chile. 1977. Disponível em: http://www.memoriachilena.gob.cl/archivos2/pdfs/MC0056797.pdf. Acesso em 20 out. 2021.