Entre leitura, extensão e cárcere

conversas sobre o projeto LiLi – Literatura Livre

Autores

  • Nayara Noronha Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Belo Horizonte | MG | BR https://orcid.org/0000-0001-7621-0459
  • Núbia Vitória Moreira Diniz Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Belo Horizonte | MG | BR

DOI:

https://doi.org/10.35699/2318-2326.2025.63275

Palavras-chave:

remição de pena, abolicionismo penal , cárcere, sistema prisional, literatura, leitura, Ações Extensionistas

Resumo

Em outubro de 2025, a equipe da Revista Interfaces entrevistou Nayara Noronha, professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenadora do projeto LiLi – Literatura Livre. A entrevista apresenta o projeto, desdobra suas ações de leitura e escrita para remição de pena no sistema penitenciário destinado a mulheres, e aborda temas amplos e urgentes como justiça, abolicionismo penal e política pública. A entrevista foi realizada por chamada de vídeo, transcrita e editada pela equipe da Interfaces, e em seguida lida e editada pela entrevistada, a quem agradecemos a disponibilidade e o trabalho.

"De modo geral, o método funciona assim: vamos à unidade, sentamos em círculo, nos espalhamos no espaço; perguntamos o que elas acharam do livro e sentimos o tom de como vai ser a conversa — às vezes o encontro flui naturalmente, outras temos que ficar puxando tópicos para a discussão; recolhemos os diários literários das reeducandas e as alunas produzem os diários de campo com base na etnografia; depois fazemos uma reunião coletiva para discutir os dados, os diários e também os diários literários. Normalmente, é nesses diários literários que aparecem dados mais sensíveis, ou nos diários de campo. Trabalhamos, mais ou menos, com esse método. E, teoricamente – embora o projeto, sobretudo na sua elaboração, tenha um embasamento muito forte na ideia do Antônio Candido, do direito à literatura, de que a literatura é um direito de todas as pessoas, de que todos têm direito de imaginar e fruir, e de que esse direito não deve se restringir a grupos específicos ou de elite –, à medida que fui estudando e compreendendo o sistema carcerário, a ideia que nos move é a do abolicionismo penal. Esse sistema não deveria existir. Nenhum crime justifica uma mãe estar presa com um bebê. Essas mulheres são muito jovens. Poderia existir outra forma de justiça, uma forma de justiça restaurativa ou de negociação, que permitisse pagar socialmente sem ser por meio do encarceramento com um bebê. Essas são as duas principais correntes teóricas que organizam o projeto."

Biografia do Autor

  • Nayara Noronha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Belo Horizonte | MG | BR

    Nayara Noronha é professora do Departamento de Ciências Administrativas da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Escritora e extensionista, ela pesquisa e atua, entre outros temas, na interface entre administração pública, políticas de extensão e práticas de formação de leitoras em contextos de vulnerabilidade. Coordena o projeto LiLi – Literatura Livre, desenvolvido em unidades prisionais femininas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com ênfase em obras de autoras mulheres e na remição de pena por meio da leitura.

  • Núbia Vitória Moreira Diniz, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Belo Horizonte | MG | BR

    Núbia Vitória Moreira Diniz é graduanda em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, investiga temas de linguística teórica e computacional, com foco nas interfaces entre morfologia e semântica no Processamento de Linguagem Natural (PLN). Integra a equipe da Interfaces – Revista de Extensão da UFMG como estagiária de pesquisa.

Referências

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Publicado

2025-12-12

Edição

Seção

Entrevistas

Como Citar

Entre leitura, extensão e cárcere: conversas sobre o projeto LiLi – Literatura Livre. Interfaces - Revista de Extensão da UFMG, [S. l.], v. 13, p. 1–9, 2025. DOI: 10.35699/2318-2326.2025.63275. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistainterfaces/article/view/63275. Acesso em: 13 dez. 2025.