A lente seletiva de Heródoto: conceitos de seca como marcadores de identidade não-grega

Résumé

Na contemporaneidade, a inserção e recepção acadêmica do debate historiográfico ambiental é recente, no entanto, o campo tem contemplado nos últimos anos uma ampliação dos debates de maneira abrangente, compondo uma série de trabalhos e discussões na disciplina, que não exclusivamente se referem às questões do presente. Desse modo, o presente trabalho se propõe à abordagem da História Ambiental a fim de analisar e discutir os usos dos conceitos de seca e estiagem na historiografia grega antiga. O corpus literário selecionado se trata da obra “Histórias” de Heródoto que, datando do V a.C, apresenta-se como uma escrita da história de gregos e bárbaros e também dos espaços que ocupam, enfatizando as relações entre forças humanas e não-humanas acerca destes espaços. Nesse sentido, a partir do tratamento da fonte e o trabalho de François Hartog O Espelho de Heródoto: Ensaio Sobre a Representação do Outro (1999), é possível refletir sobre o uso dos conceitos seca como prováveis marcadores de identidade não-grega nas narrativas herodotianas, os quais funcionariam como pressupostos culturais para pintar uma imagem dos espaços narrados ao “público” de Heródoto.

Palavras-chave: Identidade; Secas; Heródoto.