O sistro ápulo e seus contextos de performance conforme a pintura de vasos italiotas (séc. IV a.C)

Abstract

O presente artigo tem como objeto o instrumento musical muito singularmente apresentado na pintura dos assim chamados vasos italiotas, que consiste na produção de vasos de figuras vermelhas de tradição grega feita no Sul da Itália, entre aproximadamente 440 e 300 AEC, distribuídos entre as oficinas (denominadas por suas pertenças regionais) ápulas, lucânicas, campânicas e paestanas, além das produções siceliotas. A maior frequência de representação deste instrumento se dá de modo superlativo na iconografia ápula, conforme nosso levantamento e catalogação de mais de 200 vasos, em que este instrumento é representado entre aproximadamente 370 e 300 AEC.  Identificamos aqui este instrumento como “sistro ápulo”, explicando ao mesmo tempo toda problemática que envolve a sua denominação, que permanece inconclusiva. A seguir, passamos à caracterização deste instrumento, composto por um número variado de barrinhas fixadas entre duas hastes, gerando o aspecto visual de uma “escadinha”, cuja natureza musical foi por muito tempo questionada, mas já há bom tempo tornou-se consensual entre os pesquisadores da música grega antiga. Nosso objetivo específico aqui será analisar os contextos de performance deste instrumento musical, a saber: contexto religioso, contexto funerário, contexto festivo (bodas nupciais e dança) e contexto de apresentações artísticas, evidenciando também as possíveis combinações com outros instrumentos musicais (majoritariamente, o aulos) e objetos (destacadamente, o espelho).