FORMAÇÃO DOCENTE E A PEDAGOGIA DO “APRENDER A APRENDER”
AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO NA ERA DA INFÂMIA DO CAPITAL
DOI:
https://doi.org/10.17648/2238-037X-trabedu-v28n3-13891Palavras-chave:
Conferências “Educação para Todos”, Competências, Formação DocenteResumo
Este artigo expõe o resultado parcial de dissertação de mestrado defendida em abril de 2018. Apoiado em fontes bibliográficas, em dados empíricos e na análise documental, discorre-se sobre as Conferências “Educação para Todos” realizadas em Jomtien (1990), Dakar (2000) e Incheon (2015) e busca-se compreender como seus compromissos têm se inserido nos documentos nacionais, a saber: os Planos Nacionais de Educação (2001-2011 e 2014-2024), leis, decretos, orientações, programas e políticas públicas. Esses documentos disseminadores das teses da Pedagogia do “Aprender a Aprender” sugerem uma formação docente cujo perfil formativo dos professores deve ter como referência as premissas das novas competências e habilidades. A partir das análises, conclui-se que a sociedade do conhecimento apresentada nas Conferências Educação para Todos, por ser a antítese do conhecimento científico, promove o esvaziamento da formação docente na medida em que reduz o conteúdo ensinado à lógica útil e instrumental dos “aprenderes”, tendência que nega o acesso à formação plena ancorada no conhecimento científico historicamente produzido.
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