AGRICULTURA GERAIZEIRA, IDENTIDADE E EDUCAÇÃO / Geraizera agriculture, identity and education
Palavras-chave:
Agroecologia, Povos e saberes tradicionais, GeraizeirosResumo
Na contramão do modelo agrário/agrícola que avançou sobre os cerrados brasileiros com base na monocultura empresarial persistem ainda, em diversos recantos, povos e comunidades que mantêm vivos sistemas diferenciados de produção e de relações com a natureza mediada por outros padrões. É o caso da agricultura geraizeira que se desenvolveu nos altiplanos dominados pelos cerrados no Norte de Minas Gerais cujos circuitos econômicos repercutem de forma significativa na vida de milhares de famílias camponesas e com incidência nos mercados com uma diversidade de produtos, in natura ou beneficiados, que são consumidos por outros tantos consumidores. Circuitos econômicos que se mantêm na invisibilidade em um contexto de encurralamento e de apagamento a que vem sendo submetidas estas comunidades. A resistência que empreendem é de luta por direitos territoriais e pelo reconhecimento da sua contribuição como formadores do patrimônio cultural da nação brasileira e pela valorização do saber tradicional no manejo sustentável dos cerrados. A agroecologia tem sido um dos instrumentos destes povos, em confronto com as políticas públicas de educação e extensão rural que considera o publico rural como um público que precisa de "assistência" técnica. Acionam a perspectiva da docência camponesa onde, através de redes sociotécnicas, comunidades de práticas articulam conhecimentos locais e conhecimentos técnico-científicos, internos e externos, escolares e não-escolares numa situação de aprendizagem intencionada, entre sujeitos de saberes, "mestres e aprendizes", que tem seu foco nos processos de aprendizagem em redes de intercâmbios, de formação e de trocas cooperativas.