Sobre coisas, espaços e procedimentos do parir/nascer no mundo contemporâneo
contribuições de um olhar arqueológico
DOI:
https://doi.org/10.31239/vtg.v17i2.41656Palavras-chave:
parto, materialidade, arqueologia do contemporâneoResumo
Neste artigo observamos que o processo do nascimento modela-se culturalmente a partir dos diferentes paradigmas que formam as sociedades e as ciências que os explicam. Assim, abordamos o parir e o nascer em diferentes ambientes desde o ponto de vista do fluxo das materialidades. Nossa intenção perpassa os processos de industrialização dos partos (via hospitalar) e a retomada de práticas tradicionais considerando as coisas, os ambientes e os procedimentos que intervêm nos partos. Ao observar a materialidade dos partos hospitalares contemplamos um conjunto tecnológico que expressa o controle político sobre o corpo das mulheres e padroniza procedimentos, tendo em vista a ideia da existência de corpos universais. Numa via contrária à percorrida pelas práticas hospitalares observamos as realizadas nas casas de parto como conquista dos movimentos pelos patos humanizados e permeadas de materialidades que atribuem às parturientes o protagonismo no ato de parir. Por fim, concluímos que a perspectiva arqueológica, que considera as possibilidades questionadoras e reflexivas advindas da compreensão e da problematização dos fluxos e dos movimentos das materialidades das coisas, constitui um terreno fértil para contribuição ao debate de diferentes perspectivas para as políticas públicas que envolvem o parir e o nascer na sociedade contemporânea.
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