Peixes não habitam palácios

uma análise sobre o patrimônio arqueológico histórico e as mudanças climáticas no litoral sudeste

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v17i2.41701

Palavras-chave:

patrimônio cultural, mudanças climáticas, sustentabilidade

Resumo

Entre os pesquisadores da arqueologia e do patrimônio, há inúmeras leituras sobre como gerar engajamento das comunidades e dos bens estudados para promover uma proteção e significação efetiva do sítio. Em especial, no campo do patrimônio edificado, existe uma linha argumentativa que defende a premissa de que “o que é ocupado é mais preservado”, sugerindo que a ocupação de edifícios históricos para fins culturais e/ou sociais os torna mais sustentáveis, amplificando as chances de preservação do bem. Mas, o que fazer quando as ameaças envolvem reações sistêmicas de abrangência global, como é o caso das transformações atmosféricas provocadas pelas mudanças climáticas? Com base neste questionamento e através de uma análise dialética entre teorias e um estudo de caso sobre a Ruína da Lagoa, localizada no município de Ubatuba/SP, é possível demonstrar como os efeitos das mudanças climáticas pode impactar consideravelmente a nossa noção de sustentabilidade quando tratamos de sítios históricos.

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Publicado

2023-07-31

Como Citar

Cristina da Silva Campos, L., Vieira de Carvalho, A., Marie Van Sebroeck Lutiis Silveira Martins, B., Caroline Leonel de Almeida, T., & Soares Silva, J. P. (2023). Peixes não habitam palácios: uma análise sobre o patrimônio arqueológico histórico e as mudanças climáticas no litoral sudeste. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 17(2), 305–328. https://doi.org/10.31239/vtg.v17i2.41701