O Campo de Concentração da Seca do Patu

memórias e percepções arqueológicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v18i1.48169

Palavras-chave:

Campo de Concentração da Seca do Patu, lugar de memória, Vila Inglesa, secas

Resumo

A presente pesquisa visou levantar uma discussão sobre o Campo de Concentração da Seca do Patu, em 1932, localizado no município de Senador Pompeu, Ceará, às margens do rio Patu, a partir de uma perspectiva arqueológica e histórica da paisagem e da memória. Para isso, inicialmente fizemos uma contextualização do local, considerando como as antigas estruturas da Vila Inglesa foram reapropriadas como sede administrativa do Campo do Patu. Com isso, observou-se três formas diferentes de se perceber a paisagem em relação ao patrimônio arqueológico edificado: os diferentes contextos históricos que levaram à fiscalização de obras da barragem do rio Patu; o sistema de vigilância, controle e prisão dos sertanejos durante seu uso como Campo de Concentração; e, atualmente, os aspectos da memória. Ao final da discussão, entendemos esses espaços como a materialização de um lugar de memória e a fé como promotora da lembrança dos sertanejos que perderam suas vidas nos campos de concentração.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria do Amparo Alves de Carvalho, Universidade Federal do Piauí

Possui graduação em Licenciatura Plena Em História pela Universidade Federal do Piauí (1998), mestrado em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (2006) e doutorado em História com pesquisa em Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2014). Facilitadora de Biodança pela Escola de Biodança Sistema Rolando Toro do Meio Norte do Brasil (2018). Atualmente é professora adjunta C, nível II da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de História e Arqueologia, com ênfase em Arqueologia Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas: Arqueologia em campo de batalha, guerra e conflitos, cultura material, estudos de fazendas e núcleos coloniais, vestígios da escravidão, cidade, memória, identidade, religiosidade, patrimônio, imagem, História do Piauí, teoria. Membro do Grupo de Pesquisa Transdisciplinar sobre Corpo, Saúde e Emoções - CORPOSTRANS. Coordenadora do Núcleo de Antropologia Pré-histórica - NAP.

Referências

Albuquerque Jr., D. M. (1988). Falas de astúcia e de angústia: a seca no imaginário nordestino de problemas à solução: 1877-1922. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Arfuch, L. (2013). Memoria y autobiografía: exploraciones en los límites. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica.

Baretta, J. (2014) Arqueologia da repressão e da resistência e suas contribuições na construção de memórias. Revista de Arqueologia Pública, 8(10), 76-89.

Bezerra, A. (1996). Barragem do Patu: os descaminhos de uma obra. Senador Pompeu: Editora Geo.

Brito, L. (2013). A fome: retrato dos horrores das secas e migrações cearenses no final do século XIX. Estação Literária, 10(B), 111-125.

Calveiro, P. (2013). Poder e desaparecimento: os campos de concentração na Argentina. São Paulo: Boitempo.

Camara, Y. M. R., & Camara, Y. R. (2015). Campos de concentração no Ceará: uma realidade retratada por Rachel de Queiroz em O Quinze. Revista Entrelaces, 5(6), 167-177.

Campos, J. N. B. (2014). Secas e políticas públicas no Semiárido: ideias, períodos e pensadores. Estudos Avançados, 28(82), 65-88.

Casella, E. C. (2011). Lockdown: On the Materiality of Confinement. Em Moshenska, G, & Myers, A. (Eds.). Archaeologies of Internment (pp. 285-295). New York: Springer.

Casella, E. C. (2002). Archaeology of the Ross Female Factory: Female Incarceration in Van Diemen's Land. Records of the Queen Victoria Museum, 108.

Castro, L. (2010). As retiradas para os campos de açudagem na seca “do quinze”. Revista Historiar, 2(2), 96-109.

Connerton, P. (2009). How Modernity Forgets. Cambridge: Cambridge University Press.

Costa, M. C. L. (2004). Teorias médicas e gestão urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 11(1), 57-74.

Dantas, S. P. (2017). Açudagem no nordeste brasileiro e no Ceará: estimativa de evaporação do açude Castanhão em um ano seco. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Davies, P. (2013). Clothing and textiles at the Hyde Park Barracks Destitute Asylum, Sydney, Australia. Post-Medieval Archaeology, 47(1), 1-16.

De Cunzo, L. A. (1995). Reform, Respite, Ritual: Na Archaeology of Institutions; The Magdalen Society of Philadelphia, 1800-1850. Historical Archaeology, 29(3), 1-168.

De Certeau, M. (1998). A invenção do cotidiano. Artes de fazer. 3a edição. Petrópolis: Editora Vozes.

Fagundes, M., Kuchenbecker, M., Vasconcelos, A. M. C., & Gonzaga, A. P. D. (2020). Paisagens e Lugares – Caracterização Geoambiental e Cultural dos Sítios Arqueológicos do Complexo Três Fronteiras, Alto Vale do Rio Araçuaí, Minas Gerais. Raega, 47(1), 67-84.

Foucault, M. (1987). Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Editora Vozes.

Funari, P. P., Zarankin, A., & Alberioni, J. R. (Orgs.). (2008). Arqueologia da repressão e da resistência: América Latina na era das ditaduras (1960-1980). São Paulo: Annablume, Fapesp.

Gell, A. (2018). Arte e Agência: uma teoria antropológica. São Paulo: Ubu editora.

Giovanazzi, J. P. (1998). Migalhas do sertão. Senador Pompeu: La Reclame.

Goffman, E. (1961). Asylums: Essays on the social situation of mental patient and other inmates. New York: Anchor Books.

Gonçalves, P. C. (2018). O mandacaru não floresceu: a ciência positivista a serviço do combate à seca de 1877-1879. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 25(2), 515-539.

Halbwachs, M. (2004). A memória coletiva. São Paulo: Centauro.

Jelin, E. (2002). Los trabajos de la memoria Colección Memorias de La Represión. Buenos Aires: Siglo XXI.

Jelin, E., & Catela, L. S. (2002). Los archivos de la represión: documentos, memoria y verdad. Colección Memorias de La Represión. Buenos Aires: Siglo XXI.

Jelin, E., & Kaufman, S. G. (2006). Subjetividad y figuras de la memoria. Colección Memorias de La Represión. Buenos Aires: Siglo XXI.

Lifschitz, J. A. (2014). Os agenciamentos da memória política na américa latina. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 29(85), 145-158.

Lima, M. L. H. (2021). Sempre Há Esperança Após a Cerca e a Seca: A Patrimonialização Do Campo De Concentração Do Patu Em Senador Pompeu – Ce. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pelotas, Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, Pelotas.

Lima, M. L. H., & Souza, H. A. X. (2016). Caminhada da Seca: Memória, cultura e cidadania. Em Fortes, G. B., Telles, M. F. P., & Albuquerque, N. M. (Org.). Direitos culturais, memória e verdade (pp. 711-722). Fortaleza: IDBCult.

Maguire, P. P. F. (2020). Desenvolvimentismo, tortura e internação: tecnologias da repressão na Ditadura Brasileira de 1964-1985. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 13(2), 165-194.

Monteiro, R. F. (2011). A Ciência Rumo ao Sertão do Ceará. XXVI Simpósio Nacional de História. Anais do XXVI Simpósio Nacional da ANPUH - Associação Nacional de História. São Paulo: ANPUH - SP.

Montebello, N. M., & Silva, M. M. (2023). Retirantes flagelados no Ceará-da-seca: (bio)políticas populacionais na consolidação do Estado moderno. Conhecer: debate entre o público e o privado, 8(21), 60-77. doi: 10.32335/2238-0426.2018.8.21.1058.

Moreira, J. M. B. (2021). Arqueologia da Loucura: Narrativas alternativas, cultura material e história do Hospital Colônia de Barbacena. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

Moshenska, G., & Myers, A. (2011). An Introduction to Archaeologies of Internment. In Myers, A., & Moshenska, G. (Eds.). Archaeologies of Internment (p. 1-19). New York: Springer.

Neves, F. C. (1995). Curral dos Bárbaros: os Campos de Concentração no Ceará (1915 e 1932). Revista Brasileira de História, 15(29), 93-122.

Neves, F. C. (2001). Getúlio e a seca: políticas emergenciais na era Vargas. Revista Brasileira de História, 21(40), 107-131.

Nora, P. (1993). Entre memória e história: a problemática dos lugares. Revista Projeto História – História e Cultura, 10, 7-28.

Orser Jr., C. (1992). Introdução à Arqueologia Histórica. Belo Horizonte: Oficina de Livros.

Paiva, F. (2020). Campos de concentração no Ceará. São Roque: Gênio Editorial.

Pinheiro Neto, A. (2014). De curral da fome a campo santo: o campo de concentração de retirantes da seca de 1915 em Fortaleza. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Pollak, M. (1989). “Memória, esquecimento, silêncio”. Estudos Históricos, 2(3), 3-15.

Pompeu Filho, T. (1893). Ensaio estatístico do Ceará. Fortaleza: Tipografia do jornal A República.

Rago, M. (2010). “Memórias da Clandestinidade: Criméia Alice de Almeida Schimidt e a Guerrilha do Araguaia”. Em Pedro, J. M., & Wolff, C. S. (Orgs.). Gênero, feminismos e ditaduras no cone sul (pp. 156-173). Ilha de Santa Catarina: Editora Mulheres.

Rios, K. S. (2014). Isolamento e Poder: Fortaleza e os Campos de Concentração na seca de 1932. Fortaleza: Imprensa Universitária.

Ruibal, A. G. (2008). “Time to destroy. An archaeology of supermodernity”. Current Anthropology, 49(2), 247-279.

Santos, R. R. O., & Santos, J. M. (2017). O Nordeste nas Páginas dos Livros Didáticos. ComSertões. Revista de Comunicação e Cultura no Semiárido, 5(1), 13-30.

Sena, E., Medeiros, R., Santos, C., Sullasi, H., Bonald, L., Chagas, N., & Mutzenberg, D. (2023). As ruínas do forte de São Francisco da Laje: Subsídios arqueológicos para sua preservação. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 17(1), 69-86. doi: 10.31239/vtg.v17i1.34910

Silva, K. Q. (2016). "Caminhando ao Campo Santo pelo sertão eu vou...": a construção da caminhada da seca, Senador Pompeu- CE (1982-2010). Anais XIII Semana De História da Feclesc (pp. 1-13). Disponível em: < https://www.uece.br/eventos/semanadehistoriadafeclesc/anais/trabalhos_completos/245-9737-10082016-085921.pdf>. [cons. 24 jan. 2024]

Souza, I., & Medeiros Filho, J. (1983). Os degredados filhos da seca. Petrópolis: Vozes.

Souza, J. W. F. (2015). Secas e socorros públicos no Ceará. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, 52, 178-219.

Teófilo, R. (1980). A seca de 1915. Fortaleza: Ed. UFC.

Thiesen, B. V., Pereira, C. M., Rippel, E., Vespasiano, G. R., Cornaquini, I. G., Toledo, J., & Fernandez, M. (2015). Vestígios de uma ausência: Uma arqueologia da repressão. Revista Arqueologia Pública, 8(2)[10], 232-250.

Tomaz, P. C. (2010) A preservação do patrimônio cultural e sua trajetória no Brasil. Fênix, 7(2), 1-12.

Travassos, L. S. M. (2011). Uma história não contada: o campo de concentração para flagelados de 1915 em Fortaleza-CE. Em Marques, L. (Org.). V Colóquio de História (pp. 717-730). Recife. Disponível em: < http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/5Col-p.717-730.pdf>. [cons. 24 jan. 2024]

Villa, M. A. (2000). Vida e morte no sertão: história das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX. São Paulo: Ática.

Zarankin, A., & Niro, C. (2008). A materialização do sadismo: arqueologia da arquitetura dos Centros Clandestinos de Detenção da ditadura militar argentina (1976-83). Em Funari, P. P., Zarankin, A., & Alberioni, J. R. (Orgs.). Arqueologia da Repressão e da Resistência: América Latina na era das ditaduras (1960-1980) (127-148). São Paulo: Annablume, Fapesp.

Downloads

Publicado

2024-01-29

Como Citar

Miranda de Almeida, D. D., & Alves de Carvalho, M. do A. (2024). O Campo de Concentração da Seca do Patu: memórias e percepções arqueológicas. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 18(1), 117–140. https://doi.org/10.31239/vtg.v18i1.48169

Edição

Seção

Artigos