Diante da foto, uma arqueóloga
imagens-fenômeno, fototículas e outras subversões disciplinares da arqueologia da imagem gráfica
DOI:
https://doi.org/10.31239/vtg.v18i2.52700Palavras-chave:
arqueologia da fotografia, arqueologia das imagens gráficas, arqueologia AntárticaResumo
Neste ensaio teórico, compartilho o processo de imaginar e propor uma metodologia de análise de fotografias históricas da Antártica. Engajando a arqueologia como dispositivo de observação em refração ao realismo agencial de Karen Barad e à filosofia da fotografia de Vilem Flusser, o interesse arqueológico irradia do estado da matéria (“a fotografia”) à configuração da observação (“o fazer a imagem”), emergindo um novo objeto de análise, a imagem-fenômeno. Cada imagem-fenômeno pode ser observada e descrita em sua superfície e escavada em dois sentidos: em profundidade (fotoquadrículas) e em extensão (fototículas). São evidenciadas as camadas programáticas, que incluem o programa técnico do aparelho, o programa institucional da expedição, programas editoriais, etc. A superposição entre superfície e programas compõe uma última camada: o sistema no qual tais imagens circulam e vivem. Nesse sentido, além de evidenciarem a história de nossas intra-ações com o continente, tais imagens agem e são agenciadas, com a sua instrumentalização e circulação.
Downloads
Referências
Abadia, O. M., & Gonzalez Morales, M. R. (2003). L’art Bourgeois de la fin du XIXe siècle face à l’art mobilier Paléolithique. L’anthropologie, 107(4), 455-470.
Abadia, O. M., & Gonzalez Morales, M. R. (2008). Hacia uma historia critica del Arte Paleolitico: la historia social de as ciências sociales como paradigma. Espacio, tempo y forma, Serie I, 1, 123-134.
Alberti, B. (2016). Archaeologies of ontology. Annual Review of Anthropology, 45, 163-179.
Alberti, B., & Jones, A.M. (2013). Archaeology after interpretation. Em Alberti, B., Jones, A.M., & Pollard, J. (eds.). Archaeology after interpretation. Returning materials to archaeological theory (15-35). California: Left Coast Press.
Alloa, E.(org.). (2017). Pensar a imagem. Belo Horizonte: Autentica Editora.
Baldijao, R. D.; Krumm, M.; Graner, A. J. P., & Mueller, M. P. (2022). Quantum darwinismo and the spreading of classical information in non-classical theories. Quantum, 6 (636), 1-21.
Barad, K. (2007). Meeting the universe halfway: quantum physics and the entanglement of matter and meaning. Durham & London: Duke University Press.
Barthes, R. (2018) [1980]. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Bezerra, M. (2013). Os sentidos contemporâneos das coisas do passado: reflexões a partir da Amazônia. Revista Arqueologia Pública, 7(1), 107-122.
Boehm, G. (2017). Aquilo que se mostra. Sobre a diferença icônica. Em Alloa, E.(org.). Pensar a imagem (pp. 23-38). Belo Horizonte: Autentica Editora.
Buchanan, I. (2000). Deleuzism: a metacommentary. Edinburgh: Edinburgh University Press.
Buchli, V., & Lucas, G. (eds.). (2001). Archaeologies of the contemporary past. London & New York: Routledge.
Burke, P. (2016). Testemunha Ocular: o uso de imagens como evidência histórica. São Paulo: Editora Unesp.
Cattaneo, B., Chelazzi, D., Giorgi, R., Serena, T., Merlo, C., & Baglioni, P. (2008). Physico-chemical characterization and conservation issues of photographs dated between 1890-1910. Journal of Cultural Heritage, 9, 277-284.
Christensen, M. C. (2007). FT-IR techniques for studying the composition and degradation of photographic materials. Copenhagen: Denmark Museum.
Danielsson, I. B., Fahlander, F., & Sjostrand, Y (eds.). (2012). Encountering imagery: materialities, perceptions, relations. Estocolmo: Stockholm University.
Deleuze, G. 2018 [1968]. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Deleuze, G., & Guattari, F. (2011). Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol.1. São Paulo: Editora 34.
Derrida, J. (2014) [1967]. A Escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva.
Dubois, P. D. 2012 [1983]. O ato fotográfico. Campinas: Papirus Editora.
Elkins, J. (2003). Visual studies: a skeptical introduction. New York: Routledge.
Elkins, J. (2013). An introduction to the visual studies that is not in this book. Em Elkins, J., McGuire, K., Burns, M., Chester. A., & Kuennen, J. Theorizing visual studies – writing through the discipline (pp. 3-15). New York & London: Routledge.
Fabris, A. (2011). O desafio do olhar: Fotografia e artes visuais no período das vanguardas históricas. Vol.1. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes.
Felinto, E. (2014). Do cruzamento de competências: Vilém Flusser e a Visão da Sociedade telemática. Em Serra, A., Duarte, R., & Freitas, R. Imagem, imaginação, fantasia – 20 anos sem Vilém Flusser (pp. 51-63). Belo Horizonte: Relicário.
Felinto, E., & Santaella, L. (2012). O explorador de abismos: Vilém Flusser e o pós-humanismo. São Paulo: Paulus.
Flusser, V. (2015). Comunicologia: Reflexões sobre o futuro. São Paulo: Martins Fontes.
Flusser, V. 2018 [1983]. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma filosofia da fotografia. São Paulo: É Realizações.
Flusser, V. (2019). Elogio da superficialidade: o universo das imagens técnicas. São Paulo: É Realizações.
Foucault, M. (2016) [1966]. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes.
Gell, A. 2020 [1998]. Arte e agência: uma teoria antropológica. São Paulo: Ubu Editora.
Gibbon, G. (1990). What does an observation mean in archeology? Archaeological Papers of the American Anthropological Association, 2(1), 5-10.
Gnecco, C. (2012). “Escavando” arqueologias alternativas. Revista de Arqueologia, 25(2), 8-22.
Gonzalez-Ruibal, A. (2019). Archaeology of the Contemporary Era. New York: Routledge.
Gosden, C. (2001). Making sense: archaeology and aesthetics. World Archaeology, 33(2), 163-167.
Gumbrecht, H. U. (2017). A história das mídias como evento da verdade: sobre a singularidade da obra de Friedrich A. Kittler. Em Kittler, F. A. A verdade do mundo técnico: ensaios sobre a genealogia da atualidade (pp. 515-546). Rio de Janeiro: Contraponto.
Haber, A. (2016). Violencia Epistémica y acción política. Al Outro lado del vestígio: políticas del conocimiento y arqueología indisciplinada. Popayán: Universidad del Cauca.
Hamilakis, Y. (2021). From fields of discourse to fields of sensoriality: rethinking the archaeological record. Em Boyd, M. J., & Doonen, C. P. (eds.). Far from equilibrium: an archaeology of energy, life and humanity. Oxford: Oxbow Books.
Hanke, M. M. (2005). Materialidade da Comunicação – Um conceito para a Ciência da Comunicação. V Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom. 5 a 9 de setembro de 2005. Rio de Janeiro.
Haraway, D. J. (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 7-41.
Harrison, R. (2013). Scratching the surface: reassembling na archaeology in and of the present. Em González-Ruibal, A. A. (ed.) Reclaiming archaeology: beyond the tropes of Modernity (pp. 44-55). London: Routledge.
Harrison, R. (2018). Arqueologias de futuros e presentes emergentes. Vestígios – Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica, 12(2), 83-104.
Hicks, D., & Beaudry, M. C. (eds.). (2006). The Cambridge companion to historical arcaheology. Cambridge: Cambridge University Press.
Hicks, D., & Mcfadyen, L. (eds.). (2020). Archaeology and photography. London: Routledge.
Hissa, S. (2008). O passado presente: a fotografia documental na pesquisa e no pensamento arqueológicos. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Hissa, S. (2015). A fotografia arqueológica: entre a mimese e a criação. Habitus, 13(2), 71-88.
Hodder, I. (1986). Reading the past. Cambridge: Cambridge University Press.
Hodder, I. (2001). Culture/archaeology – the dispersions of a discipline and its objects. Em Hodder, I. (ed.). Archaeological theory today (pp. 284-305). Cambridge: Blackwell.
Huhtamo, E., & Parikka, J. (2011). An archaeology of media archaeology. Em Huhtamo, E., & Parikka, J. (eds.). Media archaeology: approaches, applications and implications (pp. 1-24). California: University of California Press.
Jay, M. (1988). Scopic regimes of Modernity. Em Foster, H. (ed.). Vision and visuality (pp. 3-23). Seattle: Bay Press.
Kirby, V. (2012). Initial conditions. Differences, 23(3): 197-205.
Kittler, F. (1990) [1985]. Discourse networks 1800/1900. Stanford: Stanford University.
Knappett, C. (2002). Photographs, skeuomorphs and marionettes. Journal of Material Culture, 7(1), 97-117.
Knappett, C. (2014). Materiality in archaeological theory. Em Smith, C. (ed.). Encyclopedia of global archaeology (pp. 4700-4708). New York: Springer.
Kossoy, B. (2014). Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo: Ateliê Editorial.
Lopes, M. C. (2010). Umberto Eco: da “Obra aberta” para “Os limites da interpretação”. Revista Redescrições, 1(4), s.p.
Lucas, G. (2012). Understanding the archaeological record. New York: Cambridge University Press.
Matos, O. (1991). Imagens sem objeto. Em Novaes, A. (org.). Rede imaginária: televisão e democracia (pp. 15-37). São Paulo: Companhia das Letras.
Mcclelland, A., Bulat, E., Bernier, B., & Murphy, E. (2019). Specular reflection FTIR: a non-contact method for analyzing coatings on photographs and other cultural materials. Journal of the American Institute for Conservation, 59(3), 1-14.
Mitchell, W. J. T. (1986). Iconology: image, text, ideology. Chicago, London: The University of Chicago Press.
Mitchell, W. J. T. (2018) [2015]. Image science: iconology, visual culture, and media aesthetics. Chicago: The University of Chicago Press.
Moser, S. (1996). Visual representation in archaeology: depicting the missing-link in human origins. Em Baigrie, B. (ed.). Picturing knowledge: historical and philisophical problems concerning the use of science in art (pp. 184-214). Toronto: University of Toronto Press.
Moser, S. (1998). Ancestral images: the iconography of human origins. New York: Cornell University Press.
Moser, S. (2001) Archaeological representation: the visual conventions for constructing knowledge about the past. Em Hodder, I. (ed.). Archaeological theory today (pp. 262-283). Cambridge: Polity Press.
Moser, S., & Smiles, S. (2005). Envisioning the past: archaeology and the image. Oxford: Blackwell publishing.
Nativ, A., & Lucas, G. (2020). Archaeology without antiquity. Antiquity, 94(376), 1-12.
Nieto-Villena, A., Mendoza, J. R., Ramirez-Saito, M. A., Arauz-Lara, J. L., Cruz- Mendoza, J.A., Guerrero-Serrano, A. L., Ortega-Zarzosa, G., & Solbes-García,A. (2019). Exploring confocal microscopy to analyze ancient photography. Journal of Cultural Heritage, 36, 191-199.
Noohi, S., & Asadian, H. (2017). Application of FTIR microscopy to identify some glass plates pf Golestan Palace Photo Archive. Iranian Conservation Science Journal, 1(1), 48-53.
Novaes, S. C. (2008). Imagem, magia e imaginação: desafios ao texto antropológico. Mana, 14(3), 455-475.
Olivier, L. (2001). The archaeology of the contemporary past. Em Buchli, V., & Lucas, G. (eds.). Archaeologies of the contemporary past (pp. 175-188). London & New York: Routledge.
Stollmeier, L. (2002). Ao toque da vista, ao alcance da imagem: arqueologia de fotografias históricas da Antártica. Dissertação (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Parikka, J. (2012). What is media archaeology. Cambridge: Polity Press.
Pearce, D., Namono, C., & Mallen, L. (2009). Meaning then, meaning now: changes in the interpretative process in San Rock art studies. Em Mitchell, P., & Smith, B. (eds.). The Eland’s people: new perspectives in the rock art of the Maloti-Drakensberg Bushmen essays in memory of Patricia Vinnicombe (pp. 61-79). Shangai: Wiss University Press.
Piggot, S. (1965). Archaeological draughtsmanship: principles and practice. Antiquity, XXXIX, 165-176.
Portugal, D. B., & Rocha, R. M. (2009). Como caçar (e ser caçado por) imagens: entrevista com W.J.T. Mitchell. Revista da Associação Nacional de Pós-Graduação em Comunicação, 12(1), 1-17.
Rathje, W. L. (1979). Modern material culture studies. Advances in Archaeological Method and Theory, 2, 1-37.
Riffenburgh, B. (1993). The myth of the explorer: the press, sensationalism, and geographical discovery. London: Belhaven Press.
Rouillé, A. (2009). A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Ed. Senac.
Rampazzi, L., Brunello, V., Campione, F. P., & Corti, C. (2020). Non-invasive identification of pigments in Japanese coloured photographs. Microchemical Journal, 157.
Samain, E. (2003). Antropologia de uma imagem "sem importância". Ilha - Revista de Antropologia, 5(1), 47-64.
Santaella, L., & Noth, W. (2017). Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras.
Shanks, M. (1997a). Photography and archaeology. Em Molyneaux, B. L. (ed.). The cultural life of images: visual representation in archaeology (pp. 73-107). London: Routledge.
Shanks, M. (1997b). Archaeologies of the contemporary past: a photographic paradigm. Em Schnapp, A., & Olivier, L. (eds.) Une archéologie du passé récent (pp. 145-152). Paris: Maison des Sceinces de l”homme.
Shanks, M., & McGuire, R. H. (1996). The craft of archaeology. American Antiquity, 61(1), 75-88.
Shanks, M., & Svabo, C. (2013). Archaeology and photography: a pragmatology. Em Gonzalez Ruibal, A. (ed.). Reclaiming archaeology: beyond the tropes of Modernity (pp. 1-18). New York: Routledge.
Signorini, R. (2014). A arte do fotográfico: Os limites da fotografia e a reflexão teórica nas décadas de 1980 e 1990. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes.
Sontag, S. (2013) [1966]. Against Interpretation and Other Essays. New York: Picador.
Tanner, J., & Osborne, R. (2007). Introduction: art and agency and art history. Em Tanner, J., & Osborne, R. (eds). Art’s agency and art history (pp. 1-27). Oxford: Blackwell Publishing.
Thomas, J. (1996). Time, culture, and identity. London: Routledge.
Thomas, J. S. (2008). On the ocularcentrism of archaeology. Em Thomas, J., & Jorge, V. O. Archaeology and the politics of vision in a Post-Modern context (pp. 1-12). Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing.
Taylor, L. (ed). (1994). Visualizing theory: selected essays from Visual Anthropology Review 1990-1994. London: Routledge.
Tilley, C. (1994). A phenomenology of landscape. Oxford: Berg.
Van Lier, H. (1991). Philosophie de la Photographie. Paris: Les Cahiers de la Photographie.
Vinnicombe, P. (1966). Recording rock paintings. Man, 1(4), 559-560.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Luara Antunes Stollmeier
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O trabalho Vestígios - Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica de https://periodicos.ufmg.br/index.php/vestigios/index está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://periodicos.ufmg.br/index.php/vestigios/index.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em https://periodicos.ufmg.br/index.php/vestigios/index.