Experimentações arqueomuseológicas no Museu das Remoções
reflexões e proposições para uma arqueologia social urbana engajada e indisciplinada
DOI:
https://doi.org/10.31239/4wzyg522Palavras-chave:
Arqueologia, Museologia, Museu das RemoçõesResumo
Estudos dedicados à reflexão sobre o papel e o potencial da Arqueologia e da Museologia na formulação e consolidação de políticas culturais e de patrimônio voltadas à dignidade humana e à justiça social nos aproximam em torno de uma pesquisa sobre a relação entre as pessoas, as coisas e as paisagens. A segunda etapa da investigação, que está apenas iniciando, tem como objeto de estudo o Museu das Remoções. Compreendido como um sítio arqueológico do passado contemporâneo, este museu de território nos provoca interrogações sobre o potencial da musealização da Arqueologia, em diálogo com a Arqueologia da Paisagem e a Arqueologia Sensorial, na preservação e comunicação da materialidade. Nosso objetivo com este artigo é apresentar o projeto e nossas primeiras reflexões resultantes dos contatos estabelecidos com o sítio e com as pessoas fundadoras do museu, que são elas mesmas participantes ativas deste estudo de caráter exploratório. A partir de metodologias indisciplinadas que hibridizam as técnicas utilizadas na Antropologia, na Arqueologia e na Museologia, apresentamos resultados preliminares que sinalizam para a importância de adaptar e diversificar as ferramentas de documentação e comunicação, com vistas a registrar os aspectos-chave na relação entre as pessoas, as coisas e as paisagens, como as memórias e outros registros afetivos.
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