Práticas espirituais esquecidas
memória para a resistência das religiões afro-brasileiras
DOI :
https://doi.org/10.31239/vtg.v17i2.42162Mots-clés :
arqueologia da Diáspora Africana, práticas espirituais, religiões afro-brasileirasRésumé
Sítios arqueológicos com presença de africanos escravizados e/ou de seus descendentes vêm apresentando recorrentemente evidências materiais de práticas espirituais, relacionadas às suas cosmovisões e às suas crenças nas forças da sobrenatureza, as quais regiam suas vidas, suas atividades cotidianas e suas relações com os outros. Pesquisas arqueológicas conduzidas na cidade do Rio de Janeiro vêm se deparando com 1) um surpreendente conservadorismo nos suportes físicos de algumas dessas práticas, sobretudo em ritos de iniciação, adivinhação e purificação. 2) A despeito de algumas formas terem se mantido, seus significados originais foram perdidos com o passar do tempo, tendo surgido outros em seu lugar. 3) O completo abandono de práticas muito intensas no passado, que sequer são mais lembradas hoje em dia. Ao trazer à tona o que não era mais lembrado, retomando antigos significados e expondo suas raízes profundas, a Arqueologia consegue recuperar a materialidade de partes importantes, porém esquecidas, da história das religiões de matriz africana, que foram transmitidas sobretudo pela oralidade. Diante das violentas manifestações de racismo religioso que, recrudescendo a cada dia, vem assolando seus adeptos, objetos e espaços sagrados, a Arqueologia aspira contribuir, fundada em uma perspectiva decolonial, para a recuperação da sua ancestralidade e memória, para o respeito e valorização das suas crenças, e, por conseguinte, para a sua multissecular resistência.
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