Atendimento de pacientes com necessidades especiais em Centros de Especialidades Odontológicas brasileiros
Uma revisão integrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.35699/2178-1990.2022.39607Palavras-chave:
Assistência odontológica para pessoas com deficiência, Atenção secundária à saúde, Saúde bucalResumo
Objetivo: Fazer uma revisão integrativa a respeito do atendimento de pacientes com necessidades especiais (PNE) em Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) no Brasil.
Métodos: Para as buscas nas bases eletrônicas PubMed, BBO e LILACS, e Google Scholar, foram utilizados em português, espanhol e inglês, os descritores e termos livres: “pessoas com deficiência”, “pessoa com necessidade especial”, “pessoa com incapacidade”, odontologia, “atenção secundária à saúde”, “atenção secundária”, “centro de especialidades odontológicas”, CEO, “disabled persons”, handicapped, “people with disabilities”, dentistry, “secondary care”, “dental specialty center” ,“secondary care centers”, “personas con discapacidad”, “atención secundaria de salud” e “centro de especialidad dental”. Não foi feita restrição quanto ao idioma, mas o período consultado foi de 2016 a 2021. Incialmente foram excluídas as duplicatas, em seguida os textos cujos títulos e resumos não estivessem de acordo com os critéios de inclusão. Uma vez eleitos os textos a serem incluídos após leitura na íntegra, foi feita a extração dos dados de interesse: autor (ano), tipo de estudo, caracterização da amostra, local, objetivo, resultados principais e conclusão. A análise da qualidade metodológica e do risco de viés dos estudos foi feita por meio da ferramenta Quality Assessment Tool for Quantitative Studies do Effective Public Health Practice Project.
Resultados: De 383 estudos, cinco foram incluídos. As barreiras mencionadas que dificultam o acesso dos PNE aos CEO se referiram a questões socioeconômicas e demográficas, localização dos CEO, escassez de recursos financeiros, limitações para acessibilidade e qualificaçao profissional deficitária para a prestação dos atendimentos. A qualidade metodológica foi considerada fraca em todos os estudos, o que indica alto risco de viés.
Conclusão: Mesmo com a evolução gradativa do atendimento dos PNE nos CEO, ainda há aprimoramentos necessários, tanto em relação à qualificação dos profissionais para que tenham conhecimento e manejo para realizar os atendimentos seguindo os protocolos necessários, quanto à melhoria do acesso para esses pacientes.
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