Cárie da Primeira Infância, funcionamento familiar e transtornos mentais comuns
realidade em uma região de Belo Horizonte, MG
DOI:
https://doi.org/10.35699/2178-1990.2023.45847Palavras-chave:
Cárie Dentária, Pré-Escolar, Relações Familiares, Saúde MentalResumo
Objetivo: Este estudo transversal teve como objetivo analisar a necessidade de tratamento odontológico em pré-escolares em relação a cárie da primeira infância (CPI), avaliados pelo Programa Saúde na Escola (PSE), o funcionamento familiar e transtornos mentais comuns em suas famílias, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Brasil.
Métodos: Um questionário estruturado foi aplicado ao principal cuidador das crianças avaliadas pelo PSE, por meio de contato telefônico (n = 61). As questões abordaram dados socioeconômico, demográficos, o Questionário de Funcionamento Geral Familiar (FGF), para investigação do funcionamento familiar e o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) para triagem de transtornos mentais comuns no principal cuidador. Dados secundários foram coletados nos registros do banco de dados do PSE, para levantamento da necessidade de tratamento em saúde bucal. A variável dependente foi a necessidade de restauração ou extração dentária. Os dados foram analisados descritivamente e pelos Testes de Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher (p < 0,05), usando o SPSS. v. 22.0.
Resultados: A mediana de idade das crianças foi de 5 anos e 32,8% tinha necessidade de tratamento em relação à cárie dentária. Não houve associação entre a necessidade de restauração ou extração dentária e fatores socioeconômicos, relações familiares e a presença de transtornos mentais no cuidador principal (p > 0,05). Entretanto, houve maior frequência de necessidade de tratamento de CPI em famílias com baixa renda (24,6%) e com menor apoio social (família e amigos < 1). As crianças cujas famílias estavam incluídas no Programa Bolsa Família (62,3%), o entrevistado era a mãe (57,4%), tinha ensino médio completo ou superior (36,1%), não exercia atividade remunerada (42,6%), tinha estrutura familiar tradicional ou nuclear (27,8%) e morava em uma casa com boas condições sanitárias (63,9%) apresentaram menor frequência de necessidade de tratamento. Os valores do GFF e do SRQ-20 entre crianças pré-escolares com e sem necessidade de tratamento odontológico foram semelhantes.
Conclusão: Observou-se maior frequência de necessidade de tratamento de CPI em crianças de famílias com menores renda e apoio social.
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