Brasil Colônia e a formação da clientela preferencial do sistema penal brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.69881/bg8phf14

Palavras-chave:

Direito Penal, Seletividade Penal, Clientela Preferencial, Brasil Colônia

Resumo

Este artigo analisa a constituição histórica da clientela preferencial do Direito Penal brasileiro, evidenciando como sua persistência representa uma inconstitucionalidade material diante do paradigma do Estado Democrático de Direito. A partir de uma perspectiva histórico-crítica, investiga-se o processo de formação da sociedade brasileira, destacando a influência da escravidão, do racismo estrutural e da colonialidade do poder na seletividade penal contemporânea. Parte-se da hipótese de que a atuação desigual do sistema penal é um reflexo de uma racionalidade punitiva que serve à manutenção de hierarquias sociais historicamente estabelecidas. Utilizando autores como Zaffaroni, Foucault, Baratta e Rosa del Omo, e adotando uma abordagem qualitativa e fenomenológica, o estudo evidencia os mecanismos pelos quais o Direito Penal brasileiro legitima práticas de exclusão, mesmo sob a vigência de uma ordem constitucional garantista.

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Biografia do Autor

  • Maíra Ribeiro de Rezende , Universidade Federal de Lavras

    Professora Substituta de Direito Penal da Universidade Federal de Lavras. Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, Mestra em Direito com ênfase em Constitucionalismo e Democracia pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (Bolsista CAPES). Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Lavras.

  • Edson Vieira da Silva Filho , Universidade do Vale do Rio dos Sinos

    Pós Doutor pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professor Doutor da Faculdade de Direito do Sul de Minas. Doutor em Direito pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Mestre pela Universidade Federal do Paraná. Mestre pela Universidade São Francisco. Professor Adjunto da Faculdade de Direito do Sul de Minas. 

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Publicado

01.07.2025

Como Citar

Brasil Colônia e a formação da clientela preferencial do sistema penal brasileiro. (2025). Revista Do CAAP, 30(2), 1-25. https://doi.org/10.69881/bg8phf14