A performance do corpus em tradução
Wahdaha chajarat ar-ruman (2010) (‘Só, a romanzeira’), de Sinan Antoon, do árabe ao português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.29.2.14-30Parole chiave:
literatura árabe contemporânea, estudos da tradução, literatura iraquiana, literatura transnacionalAbstract
Como um exercício do corpo-texto, o presente ensaio descreve parcialmente a performance do processo de tradução do romance iraquiano Wahdaha chajarat ar-ruman (2010) (‘Só, a romanzeira’), de Sinan Antoon, do árabe ao português brasileiro. Partindo do contexto de sua produção, que remonta à invasão militar estadunidense ao Iraque, no ano de 2003, a narrativa ecoa o terror que se instaura no país. Após tantos anos de aprisionamento e tortura, é-nos apresentado, na voz de um mghassiltchi – um lavador de corpos chiita –, um Iraque esfacelado por políticas belicosas e pelo colonialismo militar que o transforma num campo de morte. De modo que trabalho numa descrição que se desenvolve desde a experiência de leitora estrangeira, tradutora e acadêmica de uma literatura comumente tomada como um corpus de registro histórico, étnico, assim como antropológico, que tenta, em alguma medida, apresentá-lo como corpo artístico. E, como um corpo artístico formado por um artesão, demanda do tradutor a habilidade criadora para trazer ao mundo – e por que não parir – um corpo que se constitui como repetição diferente.
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