A Normalidade como sofrimento em Eliete, de Dulce Maria Cardoso

Autori

DOI:

https://doi.org/10.17851/2359-0076.44.72.%25p

Parole chiave:

Dulce Maria Cardoso, Mulher em Portugal, pós-25 de abril

Abstract

O propósito do artigo é refletir sobre as potencialidades das múltiplas impressões que culminam nas novas noções apreendidas na literatura que tem como marco o 25 de abril de 1974 em Portugal, mas já produzida no século XXI. Possibilitando o destrinchamento dos contextos e definições da conceitualização de memória, a perspectiva da literatura comparada é essencial, uma vez que o referencial teórico propõe diálogo com diferentes áreas que se atravessam continuamente. Partindo da obra Eliete: a vida normal, de Dulce Maria Cardoso publicada em 2018, e à luz dos estudos de gênero, investigamos os redimensionamentos provocados pelas reformulações da realidade por meio da linguagem da dimensão feminina no pós-Revolução dos Cravos. Neste contexto, busca-se destacar o elo entre a ditadura salazarista e as normatizações pertinentes à questão dos gêneros, bem como suas manutenções, como heranças simbólicas, após quase meio século de redemocratização em Portugal.

Biografia autore

  • Roberta Guimarães Franco, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais / Brasil

    O setor de Periódicos é vinculado à Diretoria da Faculdade de Letras da UFMG, sendo responsável por dar suporte ao processo de tramitação e edição online dos periódicos científicos da Unidade. 

Riferimenti bibliografici

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Tradução: Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BÁRTOLO, Carlos. O uso [e a recusa] de “progresso” e “tecnologia” como ideais do regime português do Estado Novo: uma possível análise dos cartazes Lições de Salazar, 1938. Universitas Humanas, Brasília, v. 12, n. 1-2, p. 59-68, jan./dez. 2015.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Maria Ermantina Galvão, São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BUTLER, Judith. Desfazendo Gênero. São Paulo: Editora Unesp, 2022.

BELLATO, Sofia. A representação da mulher nas revistas femininas portuguesas durante o Estado Novo (1933-1974): um estudo exploratório. Universitá Ca’Foscari Venezia, 2022. URL: http://dspace.unive.it/bitstream/handle/10579/23205/862881-1268788.pdf?sequence=2

CARDOSO, Dulce Maria. Eliete: a Vida Normal. São Paulo: Todavia, 2022.

CARDOSO, Dulce Maria. Dulce Maria Cardoso apresenta Eliete em Paris. [Entrevista cedida a] Lídia Anjos. Rfi, Paris, out, 2020. Disponível em: https://www.rfi.fr/pt/frança/20201011-dulce-maria-cardos-apresenta-eliete-em-paris. Acesso em: 27 out. 2020.

COVA, A.; PINTO, A. C. O salazarismo e as mulheres: uma abordagem comparativa. Revista Penélope, n° 17, 1997.

FRANCO, Roberta Guimarães. Do corpo-escrita ao corpo-casa: o quarto-império e o sótão-memória em Isabela Figueiredo. In: FRANCO, Roberta Guimarães; ASSIS, Angelo Adriano Faria de (Org.). Narrativas em tempos de crise: diálogos interdisciplinares. Viçosa: UFV: Divisão Gráfica Universitária, 2021, p. 162-175.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Laurent Léon Schaffter. 2ª ed. São Paulo: Vértice, 1990.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Editora 34, 2000.

MARQUES, A. et al. (2019). A construção da identidade da mulher em revistas do Estado Novo. Editora Celta: Ex-aequo nº 39, 71-88, 2019.

MARQUES, B. S.; GUARDA, I. V. Tradição e Modernismo na construção da “nova” mulher do Estado Novo português: fotografia e propaganda no Boletim da Mocidade Portuguesa Feminina (1939-1947). Estudos Ibero-Americanos, [S. l.], v. 46, n. 2, p. e32309. Porto Alegre, 2020.

OLIVEIRA, D. A. História das Mulheres Portuguesas: Exílios e Deslocamentos. Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 52, 2015.

PEREIRA, M. A escola portuguesa ao serviço do estado novo: as lições de história de portugal do boletim do ensino primário oficial e o projeto ideológico do salazarismo. Da Investigação às práticas, 4(1), 63 - 85. 2013.

PIMENTEL, Irene Flunser. A cada um o seu lugar, a política feminina do Estado Novo. Lisboa: Editoras Temas e Debates e Círculo de Leitores, 484 pp, 2011.

QUEIROZ, Fernanda Marques. Não se rima amor e dor: cenas cotidianas de violência contra a mulher. Mossoró, RN: UERN, 2008

ROSAS, Fernando. Salazar e o poder: A arte de saber. São Paulo: Tinta da China Edições, 2018.

ROSAS, Fernando. A crise do liberalismo e as origens do autoritarismo moderno e do Estado Novo de Portugal. Lisboa: Departamento de História da F. C. S. H. – U. N. L., 1989.

ROSAS, Fernando. O Salazarismo e homem novo: Ensaio sobre o Estado Novo e a questão do totalitarismo. Análise Social, vol. XXXV (157), 2001, p. 1031-1054.

SANTOS, A. C. et al. A violência contra a mulher e o mito do amor romântico. Caderno de Graduação - Ciências Humanas e Sociais - UNIT - ALAGOAS, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 105–120, 2014.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. O local do testemunho. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 2, n. 1, p. 03–20, 2010. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/1894. Acesso em: 31 jan. 2024.

OLIVEIRA, Ana Rita Veleda. Pimentel, Irene Flunser (2011), A cada um o seu lugar, a política feminina do Estado Novo. e-cadernos CES [Online], 14. 2011. URL: http://journals.openedition.org/eces/941; DOI: https://doi.org/10.4000/eces.941

Pubblicato

2025-01-07

Fascicolo

Sezione

Dossiê: Mulheres Artistas – do modernismo à contemporaneidade

Come citare

A Normalidade como sofrimento em Eliete, de Dulce Maria Cardoso. (2025). Revista Do Centro De Estudos Portugueses, 44(72), 102–119. https://doi.org/10.17851/2359-0076.44.72.%p