A Normalidade como sofrimento em Eliete, de Dulce Maria Cardoso
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.44.72.%25pPalavras-chave:
Dulce Maria Cardoso, Mulher em Portugal, pós-25 de abrilResumo
O propósito do artigo é refletir sobre as potencialidades das múltiplas impressões que culminam nas novas noções apreendidas na literatura que tem como marco o 25 de abril de 1974 em Portugal, mas já produzida no século XXI. Possibilitando o destrinchamento dos contextos e definições da conceitualização de memória, a perspectiva da literatura comparada é essencial, uma vez que o referencial teórico propõe diálogo com diferentes áreas que se atravessam continuamente. Partindo da obra Eliete: a vida normal, de Dulce Maria Cardoso publicada em 2018, e à luz dos estudos de gênero, investigamos os redimensionamentos provocados pelas reformulações da realidade por meio da linguagem da dimensão feminina no pós-Revolução dos Cravos. Neste contexto, busca-se destacar o elo entre a ditadura salazarista e as normatizações pertinentes à questão dos gêneros, bem como suas manutenções, como heranças simbólicas, após quase meio século de redemocratização em Portugal.
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