“NADA SOBRE NÓS SEM CORPO COMUM”
OUTRO PARADIGMA PARA INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR?
Palavras-chave:
Deficiência, encontros com a diferença, corpo comum, ensino superiorResumo
O presente artigo problematiza a dimensão ética ignorada pelos saberes sobre a deficiência e as epistemes utilizadas para designar no corpo em que se inscreve um poder desmesurado, mesmo com as conquistas obtidas pelos seus movimentos políticos nas últimas décadas, e a sua captura pelas atuais dispositivos de inclusão no ensino superior brasileiro. Recorremos para tanto ao método genealógico e à problemática ética da “indignidade de falar pelo outro” enunciados por Michel Foucault para situar, historicamente, em que momento os movimentos políticos das pessoas com deficiência assumem de alguma forma esse enunciado e quais os limites de seus efeitos de poder no ensino superior brasileiro. Objetivamos com isso analisar criticamente as tensões internas de tais movimentos, os indícios do escape à norma médica e à normalidade social com o intuito de problematizar os modelos dos saberes que nelas se pautaram, assim como assinalar os poderes emergentes de um corpo comum como qualquer outro em suas lutas por educação inclusiva e justiça social. Nesse sentido, argumentamos pela formação de um corpo comum no ensino superior, constituído a partir dos encontros de saberes e das diferenças, agenciando pelo exercício de uma alteridade radical e da mobilização de devires minoritários do povo que falta como uma possibilidade de emergência de outro paradigma de inclusão.
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