A ruína dramática e a utopia de Eros – O santeiro do mangue de Oswald de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.3.38-58Palavras-chave:
Feminismo, Dramaturgia, Teoria Crítica, Drama moderno, Drama burguêsResumo
O artigo aborda o drama poético O Santeiro do Mangue, de Oswald de Andrade, procurando relacionar sua estrutura formal dramatúrgica ao contexto histórico brasileiro. Procura-se demonstrar, a partir do conceito de “teatro do mundo”, desenvolvido por Gyorg Lukács, que o texto de Oswald, além de desvendar um trauma coletivo da formação urbana do Rio de Janeiro, apresenta também uma configuração social utópica, baseada na rebeldia de um coro de prostitutas, espécie de matriarcado da região carioca do Mangue. A analisaremos o texto dramatúrgico a partir de gêneros teatrais de origem europeia, descritos pelo crítico Peter Szondi como drama burguês, drama moderno e drama épico, que, no entanto, ao serem incorporados pelos autores teatrais brasileiros, geraram formas híbridas, arruinadas e desajustadas em relação aos modelos originais. Consideramos que tal importação, assolada por um processo histórico também ele altamente contraditório e desigual, gerou entre nós diversas manifestações teatrais fraturadas, que poderiam ser inseridas em uma formação teatral brasileira que apresentamos como “negativa”.
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