A mulher guerreira na Eneida de Virgílio
Camila e Juturna
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.3.111-134Palavras-chave:
Poesia épica, Mulheres guerreiras, Camila, Juturna, EneidaResumo
Este trabalho pretende abordar a construção da mulher guerreira na Eneida de Virgílio, centrando a análise em torno das figuras de Camila e Juturna. Apesar de o campo de batalha da poesia épica ser predominantemente masculino, ao longo da tradição algumas mulheres atuaram diretamente na guerra. A natureza militar dessas personagens, no entanto, contrasta com sua condição feminina e com as funções domésticas atribuídas à mulher na sociedade romana. Na épica virgiliana, nota-se como essa ambiguidade está nas bases da constituição dessas personagens, que têm pontos de contato, bem como diferenças. Ao mesmo tempo em que a atuação dessas mulheres margeia a ação masculina, central na obra, importantes discursos míticos suplementares são colocados em campo através dessas personagens.
Referências
BEEKES, R. Etymological Dictionary of Greek. Boston; Leiden: Brill, 2009.
BLOK, J. H. The Early Amazons: Modern & Ancient Perspectives on a Persistent Myth. Leiden; New York; Köln: Brill, 1994.
CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Edição diplomática. Coimbra: Almedina e Colégio das Artes, Universidade de Coimbra, 2016.
CAIRNS, F. Virgil’s Augustan Epic. Cambridge University Press, 1989.
CÍCERO, M. T. Discussões tusculanas. Trad. Bruno Fregni Basseto. Uberlândia: EDUFU, 2014.
GATTI, Ítalo. A Crestomatia de Proclo: Tradução integral, notas e estudo da composição do códice 239 da Biblioteca de Fócio. 2012. Dissertação de Mestrado. FFLCH, USP, 2012.
GRIMAL, P. Virgile ou la seconde naissance de Rome. Paris: Arthaud, 1985.
HARDIE, P. Gender: epic women. In: Virgil. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
HERÓDOTO. História. Trad. J. Brito Broca. Rio de Janeiro: W. M. Jackson Inc., 2006.
HOMERO. Ilíada. Edição bilíngue. Trad. Trajano Vieira. São Paulo: Editora 34, 2014.
KEITH, A. Engendenring Rome: women in Latin epic. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
KEITH, A. Sex and gender. In: HARRISON, Stephen (Org.). A Companion to Latin Literature. Oxford: Blackwell Publishing, 2005, p. 331-344.
LYNE, R. A. O. M. Allusiohn. In: LYNE, R. A. O. M. Further voices in Vergil’s “Aeneid”. Oxford: Clarendon Press, 1987, p. 139-144.
MENDES, O. (1858). Eneida brasileira. Campinas: Editora Unicamp, 2008.
MITCHELL, R. N. The violence of virginity in the “Aeneid”. Arethusa, Baltimore, v. 24, n. 2, p. 219-238, 1991.
NATIVIDADE, Everton da Silva. Os Anais de Quinto Ênio: estudo, tradução e notas. 2009. 264 f. Dissertação de Mestrado. FFLCH, USP, 2009.
NUGENT, S. G. Vergil’s voice of the women in “Aeneid”. Arethusa, Baltimore, v. 25, n. 2, p. 255-292, 1992.
OLIENSIS, E. Sons and lovers: sexuality and gender in Virgil’s poetry. In: The Cambridge Companion to Virgil. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
PYY, E. Vergil’s Camilla and the formation of Romanitas. Arctos: Acta Philologica Fennica, Helsinque, v. 44, p 181-204, 2010.
SÍCULO, D. Library of History. Trad. Charles Henry Oldfather. Cambridge: Harvard University Press, Vol. 2, 1989.
TORRÃO, J. N. Camila. In: Humanitas, Coimbra, n. 45, p. 113 – 136, 1993.
VASCONCELLOS, P. S. A apropriação da Ilíada na epopeia virgiliana. Classica, Belo Horizonte, v.32, n.1, p. 165-180, 2019.
VASCONCELLOS, P. S. Efeitos intertextuais na “Eneida” de Virgílio. São Paulo: Humanitas/USP/ Fapesp, 2001.
VIRGÍLIO. Eneida. Edição bilíngue. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Editora 34, 2014.
WILLIAMS, R. D. The purpose of the Aeneid. Antichthon, Adelaide, vol. 1, p. 29-41, 1967.
WILLIAMS, R. D. As “Georgicas”. Trasladadas a portuguez por A. F. de Castilho. São Paulo: Heros, 1930.