Brincar, ler e aprender

o alfabeto na literatura para infância

Autores

  • Elizabeth Cardoso Universidade de São Paulo (USP)
  • Luis Carlos Girão Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
  • Raquel Laranjeira Pais Universidade Complutense de Madrid (UCM)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.3.100-121

Palavras-chave:

Literatura Infantil, Alfabeto, Brincar, Imaginação, Abecedário

Resumo

Dentro de uma tradição que se inicia no século XVII, ao confluir educação e literatura, as cartilhas ou abecedários sempre associaram a aprendizagem da leitura aos processos de imaginação próprios à infância. No contemporâneo, alguns livros categorizados como abecedários literários despontam pela potência de sua ludicidade poética ao brincar com palavras e imagens no estruturar o letramento estético, levando-nos a questionar: como a literatura para infância desconstrói o alfabeto para construir o leitor literário? Partindo dessa questão, tomamos os títulos A E I O U (2008), de Angela Lago e Zoé Rios, e ABC em movimento (2006), de Suzy Lee, como corpus representante de nossa discussão. Para auxiliar nossa reflexão sobre essas experiências de linguagem, partimos do pensamento por semelhanças de Walter Benjamin (1985; 2002; 2013), que embasa as discussões de Giorgio Agamben (2005), sobre in-fância da linguagem, e de Georges Didi-Huberman (2017), sobre desaprender a aprender, apesar de tudo.

Biografia do Autor

  • Elizabeth Cardoso, Universidade de São Paulo (USP)

    Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), docente do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária (PEPGLCL) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e vice-líder do Grupo de Pesquisa “A voz escrita infantil e juvenil: práticas discursivas”, certificado pelo CNPq.

  • Luis Carlos Girão, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

    Doutorando do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária (PEPGLCL) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com bolsa FAPESP (Proc. 2018/10575-4), é membro do Grupo de Pesquisa “A voz escrita infantil e juvenil: práticas discursivas”, certificado pelo CNPq.

  • Raquel Laranjeira Pais, Universidade Complutense de Madrid (UCM)

    Escritora, psicóloga clínica e psicanalista, é mestre em Psicoterapia Psicanalítica e em Psicanálise e Filosofia da Cultura, ambos os títulos pela Universidade Complutense de Madrid (UCM).

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Publicado

2024-12-01