A atualidade pedagógica da controvérsia histórica sobre a verdadeira definição da "Força de um corpo"
Resumo
O século XVIII foi o palco para uma acirrada controvérsia a respeito da “
verdadeira” definição da “força de um corpo”. A polêmica girava em torno das idéias de vis viva e de momentum, envolvendo os partidários de Leibniz e de Descartes. Embora a própria expressão “força de um corpo” possa parecer-nos, atualmente, como revestida de um certo anacronismo, a disputa interpretativa em questão, como este presente trabalho tenta mostrar, fazia completo sentido no momento histórico em que estava situada. Tomando a contribuição de D’Alembert para o estabelecimento da distinção entre as evoluções temporais e espaciais de uma força, somos tentados, por vezes, a crer que a questão da polêmica acima referida esteja completamente ultrapassada. Como procuramos mostrar nesta pesquisa, é comum encontrarmos, ainda hoje, professores de Física, com muitos anos de experiência profissional, apresentando dúvidas que relembram aquelas ocorridas no século XVIII. Para investigarmos esta questão, construímos um aparelho muito simples, apresentado neste trabalho, especialmente destinado a suscitar dúvidas sobre o tema em foco: a distinção conceitual entre a energia cinética e o momento linear. Com o auxílio de um tal aparelho, adotamos a abordagem de um estudo de caso, investigando as opiniões de três professores de Física com mais de dez anos de experiência. As suas respostas mostram como certos obstáculosepistemológicos, bem pertinentes no século XVIII, podem manter-se vivos ainda nos dias atuais.