Nadar no Rio das velhas

Realidade ou meta distante? Evolução temporal das condições de balneabilidade no Médio e Baixo Rio das Velhas – MG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2237-549X.2023.48067

Palavras-chave:

Balneabilidade, Rio das Velhas, Índice de qualidade das águas

Resumo

Apesar de sua relevância histórico-cultural para o estado no Minas Gerais, a bacia do Rio das Velhas tem sofrido os impactos de um processo contínuo de degradação ambiental, com a contaminação tanto por fontes pontuais quanto difusas de poluição, de atividades agrícolas, industriais, minerais e urbanas, refletindo sobre a qualidade de suas águas, comprometendo seus diversos usos e serviços ecossistêmicos. Deste modo, diversas ações e programas foram implementados nas últimas décadas visando, especialmente, a volta dos usos recreacionais no Rio das Velhas, como o nado e a pesca. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo avaliar a evolução temporal da qualidade das águas do Rio das Velhas, nos seus médio e baixo cursos, para fins de recreação de contato primário, considerando os padrões legais vigentes no estado e o Índice de Condições de Balneabilidade – ICB, no período de 2007 a 2022. Os resultados indicaram que, apesar da tendência de melhoria do ICB na maioria das estações analisadas, atividades como a agricultura, pecuária e o lançamento de esgotos ao longo da bacia impactaram, especialmente, as concentrações de Turbidez, E.coli e Densidade de Cianobactérias, de forma a gerar inconformidades aos padrões legais de balneabilidade ao longo da série histórica. Portanto, as medidas e ações para a recuperação da bacia devem ser envidadas de forma contínua, como política de estado, haja vista o aspecto temporal de médio a longo prazo para o alcance dos objetivos de retorno ao uso recreacional das águas do Rio das Velhas.

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Publicado

2024-03-25

Como Citar

Chedid, N. M. P., & Lopes, F. A. (2024). Nadar no Rio das velhas: Realidade ou meta distante? Evolução temporal das condições de balneabilidade no Médio e Baixo Rio das Velhas – MG. Revista Geografias, 19(2), 41–59. https://doi.org/10.35699/2237-549X.2023.48067

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