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Artigos

v. 6 n. 1 (2020): Revista Indisciplinar

Notas sobre o Real: expulsões e sofrimento social das populações atingidas em Mariana/MG

DOI
https://doi.org/10.35699/2525-3263.2020.26247
Enviado
novembro 13, 2020
Publicado
2020-10-23 — Atualizado em 2020-10-23
Versões

Resumo

No sistema econômico capitalista, no caso da indústria extrativo-minerária, o minério é recurso e capital e, nesse sentido, o território é capital. O território como espaço de interesse do capital, no caso específico do capital mineral neoliberal, cria todo e qualquer espaço num processo de longa duração induzido pela dinâmica de capitais cuja escala é o mundo. Essas atividades de extração mineral pautadas em acordos macropolíticos de grande interesse para o capital internacional acabam por desencadear processos de expulsões de populações que ocupam áreas ricas em recursos minerais. Como consequência, instauram-se processos de adoecimento e sofrimento social. Cria-se uma situação de terra arrasada onde pessoas atingidas e expulsas das suas cotidianidades vagam por entre seus sintomas e desejos relacionados à luta e/ ou ao luto, a processos desejantes, processos metonímicos de resistência e/ou a capturas sintomáticas construindo refúgios metafóricos entorno de suas perdas. As reflexões desenvolvidas neste texto foram construídas a partir dos escritos de Freud e Lacan tomando-se os registros da psicanálise, principalmente a noção do Real, relacionando-o com os sintomas e adoecimentos dos atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana. As interseções entre saber, poder e subjetividade desenvolvidas por Deleuze e Foucault subsidiam as análises das relações assimétricas e de dominação entre atingidos, Estado e empresas. O rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG, no dia 05 de novembro de 2015, da mineradora Samarco, Vale, BHP Billiton traz para o debate os efeitos das expulsões, ficam questionamentos sobre as implicações do laço capitalista nos sujeitos e nos territórios.

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