Este estudo de natureza teórica objetiva refletir acerca do modo como a economia política produz e reproduz a sociedade e, para isso, precisa reproduzir o indivíduo. Evidencia-se o papel assumido pelo Estado, ou por qualquer forma de institucionalidade, na reprodução da sociedade. Os diversos enfrentamentos próprios do campo da política são, destarte, absorvidos, obscurecidos, ou apaziguados por esse Estado e sua arte de governar, que, com sua pretensa neutralidade e razão consensual, atua em função da anulação dos contrapoderes e de demais resistências. No modo de produção capitalista o Estado, atuando em função do processo de acumulação dos capitais, fortalece o poder do capital sobre o trabalho em tempos em que este último, tendencialmente, é expulso do processo produtivo. Os aportes teóricos aos quais se recorre nesta reflexão, embora distintos entre si, caminham no mesmo sentido, mas em paralelo, tocando-se alguns pontos. Ambos revelam que o poder hegemônico, em suas diversas formas de manifestação, sempre objetiva a produção de sociedades a sua imagem e semelhança.
Referências
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