O caldeirão dos insurgentes

os pretos-velhos da mata

Autores

  • Rafael de Nuzzi Dias Universidade de São Paulo
  • José Francisco Miguel Henriques Bairrão Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

etnopsicologia, memória social, cultura afrobrasileira, umbanda

Resumo

Apesar das heterogeneidades encontradas em meio à categoria espiritual preto-velho, não há ainda investigações sistemáticas sobre o assunto. Assim, objetiva-se analisar o simbolismo e os usos e alcances etnopsicológicos de uma subcategoria “desviante”: os pretos-velhos da mata. Para tanto, desenvolveu-se trabalho de campo em um terreiro de umbanda a partir da escuta participante, desdobramento do método etnográfico concebido pelo aporte da psicanálise lacaniana, e foram realizadas entrevistas semiabertas com médiuns e suas entidades. Os pretos-velhos da mata revelaram-se espíritos insubordinados que desafiam dicotomias ao fundirem num único personagem pretos-velhos e exus, oferecendo aos seus devotos instrumental simbólico para a elaboração de vivências pessoais e memórias sociais conflitivas que os constituem sujeitos no mundo e no tempo.

 

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Biografia do Autor

Rafael de Nuzzi Dias, Universidade de São Paulo

Mestre em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

José Francisco Miguel Henriques Bairrão, Universidade de São Paulo

Docente e pesquisador da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Coordenador do Laboratório de Etnopsicologia da mesma instituição.

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Publicado

2014-04-30

Como Citar

Dias, R. de N., & Bairrão, J. F. M. H. (2014). O caldeirão dos insurgentes: os pretos-velhos da mata. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 26, 168–186. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6527

Edição

Seção

Artigos