A teoria dos temperamentos

do corpus hippocraticum ao século XIX

Autores

  • Lilian Al-Chueyr Pereira Martins Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Paulo José Carvalho da Silva Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Sandra Regina Kuka Mutarelli Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

temperamentos, Corpus Hippocraticum, Galeno

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir a teoria dos temperamentos, partindo de informações contidas em alguns tratados do Corpus Hippocraticum e contribuições de Galeno, bem como alguns de seus desdobramentos. Segundo essa doutrina, a condição de saúde depende do equilíbrio de humores corpóreos, sua combinação ocasiona os temperamentos e existem relações entre o caráter do homem, temperamento, aparência física e afetos. A teoria humoral tinha tanto aspectos médicos propriamente ditos como psicológicos. Alguns autores afirmam que no século XV ocorreu a decadência dessa teoria, mas ela esteve presente não apenas na Idade Média (por exemplo, em Tomás de Aquino), como em obras do início da Idade Moderna (como de autores jesuítas), e persistiu nos regimes médicos do século XVIII. Apesar de ter sido abandonada pela maioria dos médicos no século XIX, até hoje são encontrados resquícios da mesma.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

bióloga, especialista em História da Ciência, mestre e
doutora em Ciências biológicas na área de Genética pela UNICAMP, professora do Programa de Estudos Pósgraduados
em História da Ciência da PUC/SP, pesquisadora do
GHTC (UNICAMP) e do CNPq.

Paulo José Carvalho da Silva, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

psicólogo, mestre em História da Ciência pela PUCSP
e doutor em Psicologia pela USP, faz parte do corpo docente do Programa de Estudos Pós-graduados em História da Ciência da PUCSP, e pesquisador da Fapesp.

Sandra Regina Kuka Mutarelli, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

graduada em Matemática pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie, com especialização em Magistério do Ensino Superior pela Universidade Paulista de Ensino (UNIP), mestre em História da Ciência pela PUC/SP; diretora do
Campus Cidade Universitária da UNIP e coordenadora dos cursos de Administração superior tecnológico no mesmo campus.

Referências

Acquaviva, C. (1893).Industriae prosuperioribuseiusdem societatis, adcurandos animae morbos(Institutum Societatis Iesu, Vol. 3). Florentiae: Typographia A. SS. Conceptione. (Original publicado em 1600).

Aquino, T. (1952).Suma contralosgentiles(Tomos Ie II). Madri: Biblioteca de autores cristianos. (Original do século XIII).

Aquino, T. (1999).Commentaire du Traité del’âme d’Aristote(J.M. Vernier, Trads.). Paris: Vrin. (Original do século XIII).

Aristotle. (1936).Physics(W. D. Ross, Trad.). Oxford: Clarendon. (Original do século IV a.C.).

Aristotle. (1952a).Ongenerationand corruption(H. H. Joachim, Trad.) (Great Books of the Western World, Vol. 8). Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1952. (Original do século IV a.C.).

Aristotle. (1952b).Physics(R. P. Hardie & R. K. Gaye, Trads.) (Great Books of the Western World, Vol. 8). Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1952. (Original do século IV a.C.).

Beaude, J. P. (1849).Dictionnairede médicine usuelle àl ́usage desgens dumonde(Vol. 1). Paris: Didier.

Brochin, H. (1886). Humorisme. Humeurs. Em A. Dechambre (Org.),Dictionnaire encyclopédique des sciences médicales(Vol. 3, pp. 496­509). Paris: P. Asselin & G. Masson.

Cornford, F. M. (1952).Plato’s cosmology: TheTimaeus of Plato.London: Routledge & Kegan Paul.

Cornford, F. M. (1989).Plato’s theory of knowledge(The Thaetetus and the Sophistof Plato). New York: Macmillan.

Coulter, H. L. (1975).Dividedlegacy: A history of schism inmedicalthought.v.1. Washington, DC: Wehawken Book Co.

Dean­Jones (1993).Galen“Onthe constitutionof the artof medicine”. Introduction, translationand commentary.Tese de Doutorado não­publicada, University of Texas, Austin, Texas.

Dechambre, A. (Org.). (1864).Dictionnaire encyclopédique des sciences médicalesv. 1. Paris: P. Asselin & G. Masson.

Dechambre, A. (1888). Tempérament. Em A. Dechambre (Org.),Dictionnaire encyclopédique des sciences médicales(Vol. 14, pp. 312­3250). Paris: P. Asselin & G. Masson.

Evans, E. C. (1945). Galen the physician as physiognomist. Transactions and Proceedings of the American PhilologicalAssociation, 76,287­298.

Ferrand, J. (1623).De la maladie d'amour oumélancholie érotique: Discours curieux quienseigne à cognoitre l'essence, les causes, lessignes etles remedes de ce malfantastique. Paris: Denis Moreau.

Galeno (1545).GaleniPergamenide Temperamentis libriIII: Deinaequaliintemperie liber I.Thoma LinacroAngloInterprete.Paris: Christian Wechel. (Original do século II d.C.).

Galeno (1556).D’alegrirlecorps(J. Le Bon, Trad.). Paris: Estienne Groulleau. (Original do século II d.C.).

Galeno (1928).Onthe naturalfaculties(A. J. Brock, Trad.) (Loeb Classical Library). Cambridge, MA: Harvard University Press. (Original do século II d.C.).

Galeno (1995).L’âme etses passions.Les passions etles erreurs de l'âme.Les âmes suiventles tempéraments ducorps(V. Barras, T. Birchler & A­F. Morand, trads.). Paris: Les Belles Lettres. (Original do século II d.C.).

Gois, M. (1583).Disputasdocursosobreos livros damoraldaética a Nicomaco, de Aristóteles em que se contêm algunsdos principais capítulos daMoral. Lisboa: Simão Lopes.

Gois, M. (1602).CommentariiConimbricensis SocietatisJesu, inLibros Aristotelis quiParva Naturalia appellantur. Lisboa: Simão Lopes.

Grant, M. D. (1999). Steiner and the humours: The survival of the ancient Greek science.British Journal of the EducationStudies, 47, 56­70.

Henriquez, F. F. (2004).Âncora medicinalparaconservar avidaemsaúde.São Paulo: Ateliê Editorial. (Original publicado em 1721).

Hipócrates. (1999).Da natureza dohomem(H. Cairus, trad.).História,Ciência,Saúde,Manguinhos, 6(2), 395­ 430. (Original dos séculos IV­V a.C.).

Kirk, G. S.; Raven, J. E. & Schofield, M. (1983).Thepresocratic philosophers:Acriticalhistory with a selection of texts. Cambridge, London: Cambridge University Press.

Lemnio, L. (1564).Della complessione del corpohumano. LibriIIIdaqualia ciascunosaráagevole diconoscere perfettamente la qualitá del corposuo, e imovimentidell'animoe ilmododiconservalideltuttosani. Veneza: Domenico Niccolino. (Original publicado em 1561).

Loyola, I. (1997).Costituzionidella Compagnia diGesù. Annotatidalla Congregazione Generale 34°&norme complementari(G. Silvano, Trad.). Roma: Edizione ADP. (Original publicado em 1594).

Martins, R.; Martins, L. A.­C. P. M.; Toledo, M. C. F. & Ferreira, R. R. (1997).Contágio: História daprevençãodas doenças transmissíveis(Coleção Polêmica). São Paulo: Editora Moderna.

Massimi, M. (2000). La teoria dei temperamenti nei cataloghi dei gesuiti in missioni in Brasile nei secoli XVI e XVII. Physis, 37(1),137­149.

Mikkeli, H. (1999). Popular health books: Mirrors of academic teaching? Em H. Mikkeli,Hygiene inthe early modern medicaltradition(pp. 69­96). Saarijarvi: Crimmerus Printing.

Mutarelli, S. R. K. (2006).Os quatro temperamentos na antroposofia de Rudolf Steiner.Dissertação de Mestrado não­apresentada, Programa de Estudos Pós­Graduados em História da Ciência, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

Nysten, P. H. (1835).Dictionnaire de médicine,de chirurgie,de pharmacie,des sciences acessoires oul’ art vétérinaire. Paris: J.S. Chaude.

Pessotti, I. (1994).A loucura e as épocas. São Paulo: Editora 34.

Porchon, A. (1688).Les regles de la santé,oule veritable regime de vivre,que l’ondoitobserver dans la santé &dans la maladie.Avec une table quicontientpar alphabetles facultez etles vertus de tous les alimens, corrigée &augmentée encette seconde éditiond’ungrand nombre de remarques curieuses, de medecine,de physique, de moralle (sic) & d’histoire. Paris: Maurice Villery.

Silva, P. J. C. (2004). Um só regime para o corpo e a alma: Os tratados de Luigi Cornaro (1467­1566) e Leonard Lessius Sj (1554­1623).Memorandum 7, pp. 88­101. Retirado em 12/12/06 do World Wide Web http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/n07po.htm.

Silva, P. J. C. (2005). La médecine de l'âme: Trois cas de convergences entre psychologie aristotélicienne et savoirs médicaux à l’ancienne Compagnie de Jésus (Europe et Nouveau Monde).Mélanges de l’École françaisede Rome, 117(1), 351­ 369.

Singer, P. N. (1997). Levels of explanation in Galen.The ClassicalQuarterly, 47(2), 252­ 542.

Temkin, O. (1974). Galenism : Rise and decline of a medical philosophy. Cornell : Cornell University Press.

Vieira, A. (1951). Sermão Xavier dormindo. Em A. Vieira,Sermões(Vol. 13, pp. 42­43). Porto: Lello e Irmão. (Original do século XVII).

Downloads

Publicado

2008-04-12

Como Citar

Martins, L. A.-C. P., Silva, P. J. C. da, & Mutarelli, S. R. K. (2008). A teoria dos temperamentos: do corpus hippocraticum ao século XIX. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 14, 9–24. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6689

Edição

Seção

Artigos