Reinações de menino
a memória saudosa da infância na música popular brasileira
Palavras-chave:
memória social, saudade, infância, música popular, metodologiaResumo
Os “tempos de menino” têm sido identificados recorrentemente como saudosos tanto nas produções artístico-culturais quanto nas lembranças do homem comum no Brasil. Numa perspectiva que considera que a partilha de elementos socialmente recordados pode condicionar também a delimitação de elementos aos quais podemos direcionar nossas saudades, buscamos identificar de que forma elementos recorrentes na lembrança saudosa da infância estão articulados sob a própria dinâmica da memória social, submetendo 70 letras de canções populares brasileiras a três procedimentos de análise: análise lexical, análise de conteúdo e redes de conteúdos. Os resultados apontaram uma significativa presença de lembranças de atividades, interações sociais e lugares indicativos de espaços exteriores ao doméstico, bem como de uma série de elementos que poderiam sugerir a caracterização dessas memórias como lembranças de migrantes. O tratamento integrado dos resultados permitiu a identificação da dinâmica do discurso saudoso analisado como estreitamente relacionada à dinâmica mais geral da Memória Social.
Referências
Abramovich, F. (Org.) (1983). O mito da infância feliz. São Paulo: Summus.
Amado, J. (1996). O menino Grapiúna. 16ª ed. Rio de Janeiro: Record.
Ariès, P. (1981). História social da criança e da família. (D. Flasksman, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar. (Original publicado em 1973).
Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo. (L. A. Reto e A. Pinheiro, Trad.s) Lisboa: Edições 70. (Original publicado em 1977).
Bauer, M.W. (2002). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. Em M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.) Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). (pp. 189-217). Petrópolis: Vozes.
Berquó, E. (2001). Evolução demográfica. Em I. Sachs; J. Wilheim & P.S. Pinheiro (Org.s). Brasil: um século de transformações. (pp. 14-37). São Paulo: Companhia das Letras.
Bosi, E. (1999) Memória e sociedade: lembranças de velhos. 7ª ed. São Paulo: Companhia das Letras.
Botelho, A. & Teixeira, A. (Orgs.) (1986). Filosofia da saudade. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Braga, R. (1997). Casa dos Braga: memória de infância. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record.
Brites, O. (2000). Crianças em revistas (1930/1950). Educação e Pesquisa, 26 (01), 161-176.
Caldana, R.H.L. (1998). A criança e sua educação na família no início do século: autoridade, limites e cotidiano. Temas em Psicologia, 6 (2), 87-103.
Cardoso, S.R. (2004). Memórias e jogos tradicionais infantis: lembrar e brincar é só começar. Londrina: EDUEL.
Chombart de Lauwe, M.J. (1991). Um outro mundo: a infância. (N. Kon, Trad.). São Paulo: Perspectiva; EDUSP. (Original publicado em 1971).
Connerton, Paul (1999). Como as sociedades recordam. 2ª ed. (M. M. Rocha, Trad.). Oeiras: Celta.
Costa Jr., P.J. (2001) Meu São Paulo?... Nunca mais! São Paulo: Editora Jurídica Brasileira.
DaMatta, R. (1991) A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
DaMatta, R. (1993) Conta de mentiroso: sete ensaios de antropologia brasileira. Rio de Janeiro: Rocco.
Del Priore, M. (2000) (Org.) História das crianças no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Contexto.
Fentress, J. & Wickham, C. (s/d). Memória Social: novas perspectivas sobre o passado. (T. Costa, Trad.). Lisboa: Editorial Teorema. (Original publicado em 1992).
Fernandes, R.S. (2002). Memórias de menina. Cadernos CEDES, 56, 81-102.
Freitas, M.C. (2003) (Org.). História social da infância no Brasil. 5ª ed. São Paulo: Cortez.
Gélis, J. (1991). A individualização da criança. Em R. Chartier (Org.) História da Vida Privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. (H. Feist, Trad.). (p. 311-329). São Paulo: Companhia das Letras. (Original publicado em 1986).
Halbwachs, M. (1990) A memória coletiva. (L. L. Schaffter, Trad.). São Paulo: Vértice, Revista dos Tribunais. (Original publicado em 1950)
Jedlowski, P. (2001). Memory and sociology: themes and issues. Time & Society, 10 (1), 29-44.
Kalampalikis, N. (2003). L’apport de la méthode Alceste dans l’analyse des représentations sociales. Em J. C. Abric (Org.). Méthodes d’étude des représentations sociales. (pp. 147-163). Paris: Érès.
Kronberger, N. e Wagner, W. (2002). Palavras-chave em contexto: análise estatística de textos. Em M.W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.) Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). (pp. 416-441). Petrópolis: Vozes.
Kuhlmann Jr., M. & Fernandes, R. (2004). Sobre a história da infância. Em L. M. Faria Filho (Org.) A infância e sua educação: materiais, práticas e representações (Portugal e Brasil). (pp. 15-33). Belo Horizonte: Autêntica.
Lajolo, M. (2003) Infância de papel e tinta. Em M.C. Freitas (Org.). História social da infância no Brasil. 5ª ed. (pp. 229-250). São Paulo: Cortez.
Lemos, T.V. (2002). Graciliano Ramos: A infância pelas mãos do escritor: um ensaio sobre a formação da subjetividade na psicologia sócio-histórica. Juiz de Fora: UFJF; Musa.
Lowenthal, D. (1998). Como conhecemos o passado. (L. Haddad, Trad.). Projeto História, 17, 63-202.
Luft, L. (2002) Mar de dentro: memorial da infância. São Paulo: Arx.
Marins, P.C.G. (1998) Habitação e vizinhança: limites da privacidade no surgimento das metrópoles brasileiras. Em F. A. Novaes (Dir. col.) & N. Sevcenko (Org.) História da vida privada no Brasil v. 3: República: da Belle Époque à Era do Rádio. (pp. 131-214). São Paulo: Companhia das Letras.
Matos, C. (1982). Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Minchillo, C.A.C. (2001). Literatura em rede: tradição e ruptura no ciberespaço. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Teoria e História Literária, Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, Campinas.
Napolitano, M. (2002). História & música: história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica.
Nascimento, A.R.A. e Menandro, P.R.M. (2005). Memória social e saudade: especificidades e possibilidades de articulação na análise psicossocial de recordações. Memorandum, 8, 5-19. Retirado em 29/06/2005, do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos08/nascimenan01.htm
Nora, P. (1993) Entre memória e história: a problemática dos lugares. (Y A. Khoury, Trad.). Projeto História, 10, 7-28.
Olick, J.K. (1999). Collective memory: the two cultures. Sociological theory, 17 (3), 333-348.
Perrot, M. (1989). Práticas da memória feminina. (C. H. M. Batalha e M. P. Grossi, Trad.s). Revista brasileira de história, 09 (18), 9-18.
Pollak, M. (1992) Memória e identidade social. (M. Augras, Trad.). Estudos Históricos, 5(10), 200-212.
Postman, N. (1999). O desaparecimento da infância. (S.M.A. Carvalho e J.L. Melo, Trad.s). Rio de Janeiro: Graphia. (Original publicado em 1982).
Ramos, G. (1976). Infância. 11ª ed. Rio de Janeiro: Record; Martins.
Rego, J. L. (1993). Meus verdes anos: memórias. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio.
Reinert, M. (1998). Alceste. Version 4.0 – Windows. Toulouse: Societé IMAGE. Manual.
Reinert, M. (2001). Alceste, une méthode statistique et sémiotique d’analyse de discours; Application aux «Rêveries du promeneur solitaire». La revue française de psychiatrie et de psychologie médicale, 05 (39), 32-36.
Santos, M. S. (2003) Memória coletiva & teoria social. São Paulo: Annablume.
Silva, M.A.S.; Garcia, M.A.L. & Ferrari, S.C.M. (1989). Memória e brincadeiras na cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. São Paulo: Cortez; CENPEC.
Sixto, F. V. & Justicia, J. M. (2003) La memoria social como construcción colectiva. Compartiendo y engendrando significados y acciones. Em F. V. Sixto (Ed.) Psicología del comportamiento colectivo (pp. 189-258). Barcelona: Editorial UOC.
Souza, T. R. (2001). A infância do velho Graciliano: memórias em letras de forma. Florianópolis: UFSC.
Thery, H. (2001). Retrato cartográfico e estatístico. Em I. Sachs; J. Wilheim & P.S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. (pp. 394-415). São Paulo: Companhia das Letras.
Vala, J. (2003). A Análise de Conteúdo. Em A. S. Silva & J. M. Pinto (Orgs.). Metodologia das Ciências Sociais. 12ª ed. (pp. 101-128). Porto: Edições Afrontamento.
Vasconcelos, J.M. (1969). O meu pé de Laranja Lima. 12ª ed. São Paulo: Melhoramentos.
Zagury, E. (1982). A escrita do eu. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os trabalhos publicados na revista eletrônica Memorandum: Memória e História em Psicologia são licenciados sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Comons - Atribuição 4.0 Internacional. 