Representações acerca dos índios brasileiros em documentos jesuítas do século XVI

Autores

  • Marina Massimi Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

representações dos índios, história das idéias, jesuítas

Resumo

O conhecimento do índio brasileiro, adquirido pelos missionários jesuítas através da convivência quotidiana, norteada pelo objetivo da evangelização, transmitido e difundido através da correspondência epistolar foi, sucessivamente, organizado em tratados e informes. Nesses documentos o conhecimento do outro, adquirido pela experiência direta, é filtrado pelo crivo da visão antropológica da teologia católica e da filosofia da época (especialmente, da visão elaborada pelos teólogos e pelos filósofos aristotélico-tomistas da Companhia de Coimbra e em Roma). As proposições acerca do índio brasileiro, inspiradas nestes referenciais teóricos, comparadas com os resultados concretos da ação evangelizadora, não definem um modelo unívoco. Com efeito, contradições, dúvidas, revisões estão presentes na representação que o pensamento jesuíta constrói acerca do índio e do mundo social deste. No presente trabalho, serão analisados os documentos mais importantes produzidos pelos religiosos, significativos para a descrição da 'realidade' do índio brasileiro, assim como esta aparece aos olhos dos europeus.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marina Massimi, Universidade de São Paulo

Livre Docente e trabalha junto ao Departamento de Psicologia e Educação na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto, Brasil. Especialista na área de História das Idéias Psicológicas na Cultura Luso-Brasileira.

Referências

Albonico, A. (1990). Il cardinal Federico “Americanista”. Roma: Bulzoni.

Albuquerque, L.; Ferronha, A.L.; Horta, J.S. & Loureiro, R. (Org.). (1991). O confronto do olhar: o encontro dos povos na época das navegações portuguesas. Lisboa: Caminho.

Anchieta, J. (1988). Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Ed. Itatiaia (Coleção Reconquista do Brasil, serie 2, 149).

Andrade, A.B. (1981). Contributos para a história da mentalidade pedagógica portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda.

Acquaviva, C. (1893). Instructio ad reddendam rationem conscientiae iuxta morem Societatis Iesu; Industriae ad curandos animi morbos EmB. De Angelis (Org.). Institutum. v. 2. (pp. 397-440). Firenze: Tipografia della Concezione. (Original publicado em 1600).

Aquino, T. (1980). Suma Teológica. v. 3. (R. Costa, Org.; A. Correa, Trad.). Porto Alegre: Editora Sulina.

Aristote. (1993a). Rethorique. (P. Louis, Trad.). Paris: Les Belles Lettres. (Original do séc. IV a.C.).

Aristote. (1994). Problémes v. 3. (P. Louis, Trad.). Paris: Les Belles Lettres. (Original do séc. IV a.C.).

Aristotele. (1993b). Etica a Nicomaco. (C. Mazzarelli, Trad.) Milano: Rusconi. (Original do séc. IV a.C.).

Barreto, L.F. (1983). Descobrimentos e Renascimento: formas de pensar e de ser nos séculos XV e XVI. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda.

Barreto, L.F. (1986). Caminhos do saber no renascimento português: estudos de história e teoria da cultura. Lisboa, Imprensa nacional; Casa da Moeda.

Bloch, M. (1993). Os reis taumaturgos. (M. Vilela, Trad.). São Paulo: Companhia das Letras. (Original publicado em 1983).

Buesco, M.L.C. (1983). O estudo das línguas exóticas no século XVI. Lisboa: Instituto da Língua e Cultura Portuguesa.

Caeiro, F.G. (1982). O pensamento filosófico do século XVI ao século XVIII em Portugal e no Brasil. Em Faculdade de Filosofia de Braga (Org.). Acta do primeiro congresso luso-brasileiro de filosofia. (pp. 51-90). Braga: Faculdade de Filosofia.

Caeiro, F.G. (1989). El problema de las raíces históricas. Em: E. Barba (Org.). Iberoamerica, una comunidad. (pp. 377-389). Madrid: Ediciones de Cultura Hispánica.

Cardim, F. (1980). Tratados da terra e gentes do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Itatiaia (Coleção Reconquista do Brasil, 13). (Original publicado em 1625).

Cardini, F. (1986). Magia, stregoneria, superstizioni nell'Occidente medievale. Firenze: La Nuova Italia.

Carvalho, J.B. (1980). O Renascimento português (em busca da sua especificidade).Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda.

Cascudo, L.C. (1989). Dicionario do folclore brasileiro. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Itatiaia (Coleção Reconquista do Brasil, 151).

Cassirer, E. (1977). Individuo e cosmo nella filosofia del Rinascimento. (F. Federici, Trad.). Firenze: La Nuova Italia (Original publicado em 1935).

Certeau, M. (2000). A escrita da história.(M.L. Menezes, Trad.). Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária. (Original publicado em 1975).

Crombie, A. (1987). Historia de la ciencia: de San Agustín a Galileo. (J. Bernia Trad.). v. 1 e 2. Madrid: Alianza Universitaria. (Original publicado em 1959).

Delumeau, J. (1994). A civilização do Renascimento. (M. Ruas, Trad.). Lisboa: Estampa, v. 1 e 2 (Original publicado em 1964.

Eliade, M. (1991). Paradiso e utopia: il messianismo nella societá americana. I Quaderni di Avallon: rivista di studi sull'uomo e il sacro, 24, 29-50.

Freyre, G. (1958). Casa Grande & Senzala: formulação da família brasileira sob regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio. 2v.

Garin, E. (1995). L’uomo del Rinascimento, Bari: Laterza. Giard, L. (1995). Les jésuites á la Renaissance: système éducatif et production du savoir.Paris: PUF (Bibliothèque d’histoire des sciences).

Giard, L. & Vaucelles, L. (1996). Les jésuites à l’âge baroque, 1540-1640. Grenoble: Millon.

Gilardo, L.M. (1995). Autobiografie di gesuiti in Italia (1540-1640): storia e interpretazione. Archivum Historicum Societatis Iesu, 64, 3-38.

Gliozzi, G. (1977). Adamo e il nuovo mondo. La nascita dell'Antropologia come ideologia coloniale: dalle genealogie bibliche alle teorie razziali (1500-1700). Firenze: La Nuova Italia Editrice.

Godinho, V.M. (1990). Mito e mercadoria: utopia e pratica de navegar, séculos XIII-XVIII. Lisboa: Difel.

Góis, M. (1593). Commentarii Collegii Conimbricensis Societatis Iesu in Libros Aristotelis qui Parva Naturalia appellantur. Lisboa: Simão Lopes.

Góis, M. (1602). Commentarii Collegii Conimbricensis Societati Iesu in tres Libros de Anima. Veneza: Tipografia Vincenzo Amandino.

Góis, M. (1607). Commentarii Collegii Conimbricensis Societatis Iesu in Libro de generatione et corruptione Aristotelis stagiritae nunc recens omni diligentia recogniti et emendati. Veneza: Tipografia Vincenzo Amadino.

Góis, M. (1957). Disputas do Curso sobre os livros da Moral da Ética a Nicomaco, de Aristóteles em que se contêm alguns dos principais capítulos da Moral (A B. Andrade, Trad.). Lisboa: Instituto de Alta Cultura. (Original publicado em 1593).

Hanke, L. (1985). La humanidad es una. Mexico: Fondo de Cultura Economica.

Holanda, S.B. (1977). Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Companhia Nacional.

Iparraguirre, I. (1961). Répertoire de spiritualié ignatienne, de la mort de S. Ignace à celle du P. Aquaviva, 1556-1615. Roma: Institutum Historicum Societatis Iesu.

Iparraguirre, I. (1967). Comentarios de los Ejercicios Ignacianos (siglos XVI-XVIII), Repertorio critico. Roma: Institutum Historicum Societais Iesu.

Klibansky, R.; Panofsky, E. & Saxl, F. (1983). Saturno e la melanconia. (R. Federici, Trad.). Torino: Einaudi. (Original publicado em 1923).

Lamalle, E. (1981-1982). L’archivio di un grande ordine religioso: l’Archivio Generale della Compagnia di Gesù. Archiva Ecclesiae, 24-25 (1), 89-120.

Leite, S. (Org.). (1956-60). Monumenta Brasiliae. Roma: Monumenta Historica Societatis Iesu. 5 v.

Loyola, I. (1993). Cartas. (A. Cardoso, Trad.). São Paulo: Loyola. 3v. (Originais: 1524-1556).

Loyola, I. (1982). Obras completas. Madrid: Bibliotecas Autores Cristianos.

Macedo, J.B. (1975). Livros impressos em Portugal no século XVI: interesses e formas de mentalidades. Arquivos do Centro Cultural Português, IX, 183-221.

Maravall, J.A (1997). A cultura do barroco. (S. Garcia, Trad.). São Paulo: Editora Universidade de São Paulo. (Original publicado em 1975).

Margarido, A. (1984). La vision de l'autre (Africain et indien d'Amérique) dans la Renaissance portugaise.Paris: Foundation Calouse Gulbenkian; Centre Cultural Portugaise.

Martins, A.M. (1989). Conimbricenses. Logos, 2, 1112-1126.

Massimi, M.; Mahfoud, M.; Silva, P.C.J. & Avanci, S.H.S. (1997). Navegadores, colonos, misisonários na Terra de Santa Cruz: um estudo psicológico da correspondência epistolar. São Paulo: Loyola.

Massimi, M. (2000). La psicologia dei temperamenti nei cataloghi triennali dei gesuiti in Brasile. Physis: rivista internazionale di storia della scienza, 37, 137-150.

Mazzoleni, G. (1992). O Planeta cultural: para uma antropologia histórica. (L. Laganá, Trad.). São Paulo: Istituto Italiano di Cultura di São Paulo; Editora Universidade de São Paulo. (Original publicado em 1990).

Mello e Sousa, L. (1989). O diabo na Terra de Santa Cruz. Rio de Janeiro: Companhia das Letras.

Mello e Sousa, L. (1993). O inferno atlântico. Rio de Janeiro: Companhia das Letras.

Metraux, A. (1979). A religião dos Tupinanbás. (E. Pinto, Trad.). São Paulo: Companhia Editora Nacional. (Original publicado em 1950).

Navarro, A. e col. (1988). Cartas avulsas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Editora Itatiaia. (Coleção Reconquista do Brasil, 148).

Nóbrega, M. (1988). Cartas do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Editora Itatiaia. (Coleção Reconquista do Brasil, 147) (Originais de 1549-1560).

Paim, A. (1974). História das idéias filosóficas no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Rodrigues, M.A. (1985). Do Humanismo à Contra-Reforma em Portugal. Revista de história das idéias, 3, 40-52

San Juan, H. (1989). Examen de ingenios. Madri: Catedra; Letras Hispánicas. (Original publicado en 1574).

Santos, M.A. (1955). Apontamentos à margem das conclusões impressas dos mestres jesuítas portugueses de Filosofia. Revista portuguesa de filosofia,11, 561-567.

Soares, F. (1989). Coisas notáveis do Brasil. Em L.. Albuquerque. O reconhecimento do Brasil. (pp. 131-200). Lisboa: Publicações Alfa. (Biblioteca da Expansão Portuguesa, 14).

Tavares, S. (1948). O Colégio das artes e a filosofia em Portugal. Revista portuguesa de filosofia,4, 227-240.

Todorov, T. (1989). La conquista de América: el problema del otro (M. Soler, Trad.).Madrid: Siglo XXI (Original publicado em 1982).

Verheecke, M. (1984). L’itineraire du chrétien d’après les Exercices spirituels d’Ignace de Loyola et ses presupposés anthropologiques. Louvain La Neuve: Diffusion Centre Cerfaux; Lefort.

Downloads

Publicado

2003-10-01

Como Citar

Massimi, M. (2003). Representações acerca dos índios brasileiros em documentos jesuítas do século XVI. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 5, 69–85. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6799

Edição

Seção

Artigos