São Miguel, as Almas do Purgatório e as balanças

iconografia e veneração na Época Moderna

Autores

  • Adalgisa Arantes Campos Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

rococó, barroco, irmandades, catolicismo devocional, escatologia

Resumo

O estudo parte de fontes apócrifas, canônicas, visuais e devocionais a respeito da trajetória histórica da iconografia e do culto ao Arcanjo Miguel e às Almas do Purgatório. Retoma a contribuição bibliográfica de Flávio Gonçalves, Emile Mâle, Michel e Gaby Vovelle, dentre outros estudiosos. Particular ênfase é dada ao barroco luso-brasileiro, especialmente ao acervo produzido pelas irmandades leigas nas Minas Gerais. A representação do Arcanjo evolui de formas integradas ao Juízo Final até a sua individualização em soldado vistoso e delicado no Barroco e Rococó, assumindo, então, forma de escultura autônoma nos altares. O culto às almas atinge o espaço público através da portada em pedra sabão na Capela de São Miguel e Almas de Ouro Preto. Finalmente, o estudo enfoca a racionalização em curso no oitocentos, que levaria a simplificação escatológica dessa invocação.

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Biografia do Autor

Adalgisa Arantes Campos, Universidade Federal de Minas Gerais

Bacharel e licenciada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em Filosofia pela UFMG e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Professora titular do Departamento e Programa de Pós-Graduação de História da UFMG, Belo Horizonte – Minas Gerais, Brasil.

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Publicado

2004-10-01

Como Citar

Campos, A. A. (2004). São Miguel, as Almas do Purgatório e as balanças: iconografia e veneração na Época Moderna. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 7, 102–127. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6777

Edição

Seção

Artigos