De Aires a Ayres

o conselheiro sem conteúdo

Autores

  • Cid Ottoni Bylaardt UFC

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.16..31-43

Palavras-chave:

Aires/Ayres, Inacabamento, Rarefação.

Resumo

Este texto procura mostrar a metamorfose operada no personagem Aires de Esaú e Jacó para o Ayres de Memorial de Ayres, obra derradeira de Machado de Assis. Essa mudança pressupõe uma nova concepção de escrita literária em direção à rarefação, ao inacabamento, ao mesmo tempo em que a veia irônica do escritor se aplaca neste último romance, dando lugar a uma compreensão mais serena da vida e da velhice, e a uma concepção de escrita menos comprometida com modelos e convenções. É a linguagem fora do poder, que não funda nem alimenta certezas, construída em suas ambigüidades, em sua incompletude. O texto não tem planos para o futuro, não é fruto de um projeto, mas um mergulho irresponsável no reduto das sereias, no inferno de Eurídice. Dessa forma o personagem-escritura de Memorial de Ayres percorre seu território infinito, carente de limitações que estabeleçam uma ordem.

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Referências

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Publicado

2008-06-30