De Aires a Ayres

o conselheiro sem conteúdo

Autori

  • Cid Ottoni Bylaardt UFC

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.16..31-43

Parole chiave:

Aires/Ayres, Inacabamento, Rarefação.

Abstract

Este texto procura mostrar a metamorfose operada no personagem Aires de Esaú e Jacó para o Ayres de Memorial de Ayres, obra derradeira de Machado de Assis. Essa mudança pressupõe uma nova concepção de escrita literária em direção à rarefação, ao inacabamento, ao mesmo tempo em que a veia irônica do escritor se aplaca neste último romance, dando lugar a uma compreensão mais serena da vida e da velhice, e a uma concepção de escrita menos comprometida com modelos e convenções. É a linguagem fora do poder, que não funda nem alimenta certezas, construída em suas ambigüidades, em sua incompletude. O texto não tem planos para o futuro, não é fruto de um projeto, mas um mergulho irresponsável no reduto das sereias, no inferno de Eurídice. Dessa forma o personagem-escritura de Memorial de Ayres percorre seu território infinito, carente de limitações que estabeleçam uma ordem.

Riferimenti bibliografici

AGAMBEN, Giorgio. The man without content. Trad. Georgia Albert. Stanford: Stanford University Press, 1999.

BARTHES, Roland. Aula. Trad. e posfácio Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2002.

BLANCHOT, Maurice. L’entretien infini. Paris: Gallimard, 1969.

______. La part du feu. Paris: Gallimard, 2003.

BRANDÃO, Ruth Silviano. A travessia da escrita machadiana. Scripta: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Centro de Estudos Luso-afro-brasileiros da PUCMinas, Belo Horizonte: Ed. PUCMinas, v. 3, n. 6, p. 187-193, 1º sem. 2000.

BYLAARDT, Cid Ottoni. O mestre tornado refém: a tolice do mundo em Esaú e Jacó. Revista do Centro de Estudos Portugueses, Belo Horizonte, v. 23, n. 32, p. 169-180, jan-dez 2003.

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Memorial de Ayres. Rio de Janeiro: Jackson, 1937.

______. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Jackson, 1961.

Pubblicato

2008-06-30