A insanidade crônica

ironia e indeterminação em “O alienista”, de Machado de Assis

Autores

  • Antônio Joaquim Pereira Neto Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)
  • Marcello Moreira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.3.199-222

Palavras-chave:

ironia, Machado de Assis, loucura, razão, indeterminação

Resumo

Resumo: Este artigo analisa a ironia no conto “O alienista”, de Machado de Assis, entendendo-a como figura retórica que, ao produzir o efeito de incongruência na representação pressuposta pela relação entre as palavras e as coisas formalizadas nos enunciados, cujas imagens são fantásticas, ridiculariza as opiniões que constituem os valores defendidos pelos personagens dessa narrativa, inclusive as do sujeito que as enuncia. Contra a ideia segundo a qual existiria uma verdade da ironia, uma razão como causa dos seus efeitos, evidencia-se que a ironia machadiana é artifício de uma narrativa que satiriza os valores políticos, religiosos, científicos e morais do mundo oitocentista brasileiro marcado pela imitação dos regimes de verdade do ocidente.

Palavras-chave: ironia; Machado de Assis; loucura; razão; indeterminação.

 

Biografia do Autor

  • Antônio Joaquim Pereira Neto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)

    É Doutor em Memória: Linguagem e Sociedade
    (UESB). Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB). Especialista em Literatura Brasileira (UNEB). Graduado em Letras Vernáculas (UNEB). Professor de Português do Instituto Federal de Educação da Bahia (IFBA),
    Campus Paulo Afonso, vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Humanidades,
    Educação e Ciências (NUPHEC).

  • Marcello Moreira, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
    É professor pleno de Letras Luso-Brasileiras e de Historiografia e História Literária do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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Publicado

2019-09-03