O que há em um nome? Ressonâncias entre Ana Cristina Cesar e James Joyce

Autores

  • Alexandre Gil França Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.4.72-94

Palavras-chave:

Ana Cristina Cesar, James Joyce, Intimidade, Feminino

Resumo

Ana Cristina Cesar, em Luvas de Pelica (1980)1, mostra-nos um tipo singular de dicção íntima em que a finalidade do segredo é desativada, e uma mistura de diário de viagem, cartas e anotações pessoais é transformada em um espaço de deriva poética, no qual a posição do sujeito torna-se matéria de literatura. Há neste texto uma outra possibilidade de entendimento do que poderíamos chamar de “âmbito íntimo”, já que aqui, a intimidade acaba ganhando um estatuto diferente daquele da clausura, característico de décadas anteriores. Sabemos que nesta obra, Katherine Mansfield e Virginia Woolf são referenciadas, mas, em que medida a obra de um outro autor moderno, James Joyce, poderia dar uma nova luz à escritura de Ana Cristina? Joyce abordou de maneira intensa a temática da intimidade em seu livro Ulysses (1922), não somente através de cartas, mas também de um fluxo de consciência, em que a matéria corporal corre “junto” ao que nos é apresentado textualmente. Levando em conta o trabalho de problematização da instância íntima realizado por Ana C., haveria em Luvas de Pelica uma espécie de tonalidade joyceana refletida em seu corpus textual? Este trabalho pretende desbravar este tema, apontando para possíveis relações entre as estratégias de escrita de Ulysses e de Luvas de Pelica, a fim de descobrir pontos em comum que possam iluminar ainda mais a poética da escritora carioca.

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Dossiê: O Brasil e as literaturas de língua inglesa: interlocuções