Notas sobre alguma recepção poética de Baudelaire, no Brasil, em fins do XIX (Cruz e Sousa, Gonzaga Duque)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.33.4.%25p

Palavras-chave:

Charles Baudelaire, Gonzaga Duque, Cruz e Sousa, ironia, recepção crítica

Resumo

Considerando uma tradição de abordagens temáticas das relações entre poetas brasileiros do final do XIX e Charles Baudelaire, o objetivo deste artigo é observar como reflexões de ordem estética se apresentam entre alguns leitores do poeta francês. Para explorá-las, priorizam-se um poema e a epígrafe escolhida por Cruz e Sousa para Broqueis (com alusão a outros poemas e a uma publicação de Gonzaga Duque, de 1907). As conclusões propostas dependem do conceito de clown trágico, de Jean Starobinski, e dos mapeamentos iniciais daquela recepção, formulados por Glória Carneiro de Amaral. Os estudos de Alain Vaillant, dedicando-se ao papel ocupado pelo riso na poética de Baudelaire, permitem desenvolver reflexões em torno da ironia e de seu papel na produção de uma específica forma de lirismo que parece ser compartilhada pelos diferentes poetas em questão.

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Publicado

2025-01-13