Pai contra mãe, ou a racialidade como prototeoria de sujeito em “Pai contra mãe”, de Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.34.1.%25pPalavras-chave:
racialidade, escravidão, Machado de AssisResumo
Este artigo investiga a ambiguidade na representação da branquitude da personagem Candinho no conto “Pai Contra Mãe” de Machado de Assis, explorando conexões com a força da escravidão na segunda metade do século XIX, marcada pelo temor que assolava homens e mulheres despossuídos de serem submetidos ao regime servil. A análise centra-se no modo como o narrador articula diferentes gramáticas narrativas para tratar do sofrimento de Candinho e de Arminda, trabalhando literariamente um limite racial de sociabilidade próprio da vida social brasileira no qual se separaria pobreza e miséria, sujeito e objeto no período diegético, e que continuaria a viger quando da publicação do conto.
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