Faces do realismo no retrato da Amazônia brasileira

Autores

  • Marli Tereza Furtado Universidade federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.24.2.85-103

Palavras-chave:

Dalcídio Jurandir, realismo, Amazônia brasileira

Resumo

O texto analisa o papel do escritor marajoara Dalcídio Jurandir (1909-1979) na construção de uma série romanesca, que retrata a Amazônia brasileira, rasurando o conceito tradicional de realismo: aquele que insiste na objetividade e na fidelidade da cópia. Parte-se da recusa do autor em aceitar, como técnica, o resultado do que ele chama de autor com uma kodac na mão e vai-se demonstrando como ele sedimenta, pouco a pouco, nos romances do ciclo do Extremo Norte, publicados entre 1941 e 1978, técnicas que contrariam essa fotografia do real, trazendo à tona uma Amazônia de heróis fracassados, mas enfocados a partir de suas subjetividades. Discute-se o lugar de Dalcídio Jurandir na literatura brasileira. No início de seu percurso, entre os rapsodos Mário de Andrade e Guimarães Rosa, também próximo de Graciliano e José de Lins do Rego; no final, entre os que resistiram ao naturalismo mero reprodutor da violência do sistema.

Biografia do Autor

  • Marli Tereza Furtado, Universidade federal do Pará

    Professora de literatua brasileira da Faculdade de Letras do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federa do Pará e do curso de Pós-Graduação em Letras, área de Estudos Literários da UFPA.

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Publicado

2015-12-18

Edição

Seção

Dossiê: Problemas e Formas do Realismo na Literatura Brasileira