Como é ser negro no brasil?

Uma análise do conto “Conluio das perdas”, de Luiz Silva Cuti, e da música “Negro drama”, dos Racionais MC’s

Authors

  • Alba Valéria Niza Silva Universidade Estadual de Montes Claros
  • Alysson Jorge Alves de Andrade Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.4.445-469

Keywords:

Conluio das Perdas, Luiz Silva Cuti, Negro Drama, Racionais MC’s, racismo estrutural

Abstract

O presente artigo visa pesquisar como é ser negro no Brasil, a partir de uma análise comparativa do conto “Conluio das Perdas”, de Luiz Silva Cuti, e da música “Negro Drama”, do Racionais MC’s. A metodologia utilizada foi a de cunho bibliográfico crítico-teórico, dedutivo e analítico, além dos levantamentos de pesquisas com o intuito de mostrar como é ser negro no Brasil. O referencial teórico ancora-se no pressuposto que há, no Brasil, um racismo estrutural, tendo o aporte teórico de: Antonio Candido (2006), Edward Telles (2012), Silvio Luiz de Almeida (2019), Grada Kilomba (2019) e outros autores que pesquisam temáticas parecidas. A pesquisa foi realizada em quatro partes: Primeiramente, observamos que a representação da cidade de São Paulo no conto e na música representa uma cidade cheia de desafios para a vida de uma pessoa negra. Posteriormente, foi demonstrado que ser negro e a sua relação com a polícia aponta que há, no Brasil, um racismo estrutural que está presente nessa instituição. Em seguida, constatamos que há, de fato, uma pressão para que as pessoas negras alcancem uma ascensão social e econômica, mesmo com as enormes dificuldades que enfrentam diariamente. Por fim, defendemos que, em ambas as obras, ocorre um processo de autoafirmação e do orgulho de ser negro, visto que, ainda que em meio às dificuldades encontradas, ocasionadas pelo racismo estrutural, ser negro é resistir e ter força para combater o problema que assola a comunidade negra diariamente.

References

TRUTAS 1000 Tretas. [Compositores e intérpretes]: Racionais MC’s. São Paulo: Boogie Naipe, 2006, 1 CD.

ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Polén, 2019. 264 p.

ANTUNES, Maik. A cor e a fúria: uma análise do discurso racial dos Racionais MC’s. 1. ed. Jundiaí: Paco, 2018. 280 p.

AUGEL, Moema Parente. O reverso do dito. In: CUTI. Luiz Silva; LOPES, Vera. Tenho medo de monólogo & Uma farsa de dois gumes: Peças de teatro negro-brasileiro. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2017, p. 9-18.

BUBNIAK, José Luís. A Tendência Historicista em Contos de Cuti. Organon, Porto Alegre, v. 37, p. 300-318, 2022. DOI 10.22456/2238-8915.125551. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/organon/article/view/125551. Acesso em: 7 mar. 2023.

CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro, RJ: Ouro sobre azul, 2006.

CHAGAS, Gustavo. 6 a cada 10 brasileiros já viram negros serem discriminados em locais comerciais, diz pesquisa encomendada pelo Carrefour. G1.com, Porto Alegre, p. 01-04, 28 abr. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/04/28/6-a-cada-10-brasileiros-ja-viram-negros-serem-discriminados-em-locais-comerciais-diz-pesquisa-encomendada-pelo-carrefour.ghtml. Acesso em: 8 mar. 2023.

CUTI, Luiz Silva. Conluio das perdas. Opiniães, São Paulo, n. 10, p. 137-140, 2017. DOI: 10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2017.133560. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/opiniaes/article/view/133560. Acesso em: 25 fev. 2023.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos. Revista Tempo, Niterói, p. 100-122, 2007.

FONSECA, Maria Nazareth Soares et al. Autores contemporâneos. In: SOUZA, Florentina; LIMA, Maria Nazaré (orgs). Literatura afro-brasileira. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006, p. 113-178.

GOMES, Renato Cordeiro. Por um realismo brutal e cruel. In: GOMES, Renato C. (org.) Novos realismos. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2012, p. 71-89.

GONZALEZ, Lélia. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro, RJ: Zahar, 2020.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – Episódios de racismo cotidiano. Tradução: Jess Oliveira. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Cobogó, 2019.

KALILI, Sérgio. Uma conversa com Mano Brown. In: Caros Amigos, n. esp. “Movimento Hip-Hop”. São Paulo, SP: Ed. Casa Amarela Ltda, 1998, p. 16-19.

NADA como um dia após o outro dia. [Compositores e intérpretes]: Racionais MC’s. São Paulo, SP: Boogie Naipe, 2002, 2 CDs.

PINHONI, Marina. 83% dos paulistanos consideram que racismo se manteve ou aumentou nos últimos 10 anos, diz pesquisa. G1.com, São Paulo, p. 01-05, 19 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/11/19/83percent-dos-paulistanos-consideram-que-racismo-se-manteve-ou-aumentou-nos-ultimos-10-anos-diz-pesquisa.ghtml. Acesso em: 8 mar. 2023.

REIS, Thiago. Taxa de negros mortos pela polícia de SP é 3 vezes a de brancos, diz estudo. G1.com, São Paulo, p. 01-06, 26 mar. 2014. Disponível em: https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/03/taxa-de-negros-mortos-pela-policia-de-sp-e-3-vezes-de-brancos-diz-estudo.html. Acesso em: 8 mar. 2023.

SALGADO, Marcus Rogerio. Entre ritmo e poesia: rap e literatura oral urbana. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 19, n. 37, p. 151-163, 2015. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2015v19n37p153.

SINHORETTO, J.; MORAIS, D. de S. Violência e racismo: novas faces de uma afinidade reiterada. Revista de Estudios Sociales, Bogotá, 2018. DOI https://doi.org/10.7440/res64.2018.02. Disponível em: https://revistas.uniandes.edu.co/index.php/res/article/view/6057. Acesso em: 8 mar. 2023

TELLES, Edward Eric. O Significado da Raça na Sociedade Brasileira. Tradução: Ana Arruda Callado. Princeton: Princeton University Press, 2012.

Published

2024-04-23

Issue

Section

Dossiê: Literaturas negras brasileiras em discussão