Inacabamento e Cotidiano
um ensaio sobre o contista Marques Rebelo
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.25.2.87-103Palabras clave:
Marques Rebelo, contos, cotidianoResumen
Ao longo de sua trajetória como escritor, Marques Rebelo circulou pelos mais variados gêneros literários. A despeito disso, é notável sua inclinação para o conto, com o qual marcou sua estreia no mundo das letras com o volume intitulado Oscarina (1931), seguido por Três caminhos (1933) e Stela me abriu a porta (1942). Mas, mais do que isso: pelo ritmo ágil de suas narrativas e por seus desfechos abertos, é possível identificar o contista Marques Rebelo mesmo em seus romances, especialmente Marafa (1935) e A estrela sobe (1939). Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar a obra rebeliana produzida nesse período levando em consideração, por um lado, certo inacabamento da forma e, por outro, a dimensão da vida cotidiana em suas tramas. Nossa hipótese é a de que, em Rebelo, esses elementos não apenas se correlacionam como concorrem para uma literatura que lhe possibilita: a) escapar ao cânone ensaístico e sociológico – sem necessariamente confrontá-lo; b) criar para si mesmo uma espécie de entrelugar na história da literatura; c) puir qualquer linha hierárquica entre grandes e pequenos dramas humanos no devir histórico.
Referencias
ALMEIDA, Paulo Mendes de. …Quando viu em Marques Rebelo o criador do moderno conto nacional. In: REBELO, Marques. Oscarina. São Paulo: Clube do Livro, 1973. p. 3-5.
ATHAYDE, Tristão de. [Marques Rebelo e o Modernismo]. Revista Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, fase IV, ano I, n. 1, p. 148-155, out.-dez. 1975.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1984.
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, Publifolha, 2000.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis, historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
FARIA, Octávio de. Três caminhos. Boletim de Ariel, Rio de Janeiro, ano II, n. 11, p. 285, 1933.
GOMES, Angela Maria de Castro. A construção do homem novo: o trabalhador brasileiro. In: OLIVEIRA, Lúcia Lippi; VELLOSO, Mônica Pimenta; GOMES, Angela Maria de Castro. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1982. p. 151-166.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Cascatas da modernidade. In: ______. Modernização dos sentidos. São Paulo: Ed. 34, 1998. p. 9-32.
IVO, Lêdo. [Análise de O trapicheiro, de Marques Rebelo]. Revista Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, fase IV, ano I, n. 1, p. 180-183, out.-dez. 1975.
LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o modernismo. São Paulo: Duas Cidades, Ed. 34, 2000.
NEVES, Margarida de Souza. História da crônica. Crônica da história. In: RESENDE, Beatriz (Org.). Cronistas do Rio. Rio de Janeiro: José Olympio, CCBB, 1995. p. 15-31.
REBELO, Marques. A estrela sobe. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010a.
REBELO, Marques. A guerra está em nós. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.
REBELO, Marques. A mudança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002a.
REBELO, Marques. Contos reunidos. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010b.
REBELO, Marques. Marafa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003a.
REBELO, Marques. Marafa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935.
REBELO, Marques. Melhores crônicas. Seleção e prefácio de Renato Cordeiro Gomes. São Paulo: Global, 2004.
REBELO, Marques. O simples coronel Madureira. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2.
REBELO, Marques. O trapicheiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002b.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
TRIGO, Luciano. Marques Rebelo: mosaico de um escritor. Rio de Janeiro: Relumpé-Damará, Rioarte, 1996.
VELLOSO, Mônica Pimenta. Os intelectuais e a política cultural do Estado Novo. In: DELGADO, Lucília de Almeida Neves; FERREIRA,
Jorge (Org.). O Brasil republicano: o tempo do nacional-estatismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 145-179.
VENTURA, Roberto. Estilo tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil, 1870-1914. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
VIDAL, José Ariovaldo. A ficção inacabada: uma leitura de Marques Rebelo. 1997. 201 f. Tese (Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.