Clarice Lispector e as fronteiras do Nada
ensaio sobre filosofia e literatura
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.26.3.57-73Palabras clave:
nada, filosofia, literatura, Clarice Lispector, Plotino, mística.Resumen
Sobre as fronteiras que circundam a relação entre a filosofia e a literatura existe uma vasta bibliografia que justifica o diálogo entre esses dois campos de saberes que, ao longo de muito tempo, seja pela resistência da filosofia em conceder valor aos textos literários como solos profícuos de construções de conhecimentos, seja pela liberdade literária em não se deixar dominar por um método em que a lógica e a racionalidade seriam seus fios condutores, mantiveram-se em margens academicamente antagônicas. O cenário atual, felizmente, gradativamente vem superando essa cisão e estabelecendo interfaces criativas e rigorosas. Este trabalho tem, assim, o objetivo de aproximar esses dois saberes apoiado em uma ideia desafiadora em ambos os casos: o nada. Para tanto, busco pensar mediante uma tradição específica (o Neoplatonismo) alguns romances de Clarice Lispector nos quais o “nada” figura como imagem nuclear. Com isso, a filosofia e a literatura pisam em um mesmo território marcado pelo desafio de pensar as fundamentações de suas reflexões, precisamente, pela ausência de fundamentos.
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