Metonímia e realismo em “A enxada”, de Bernardo Élis
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.27.2.59-76Palabras clave:
Realismo, Figuras de linguagem, Bernardo Élis.Resumen
Resumo: Análise do conto “A enxada”, de Bernardo Élis, publicado em Veranico de janeiro (1966) e tornado antológico por Alfredo Bosi, que o selecionou para compor sua coletânea O conto brasileiro contemporâneo (1975). A análise procura mostrar um dos procedimentos estruturantes da narrativa, que consiste no recorrente e variado uso da metonímia. A relação entre essa figura de linguagem e o realismo literário foi estudada por linguistas como Román Jakobson e Tzvetan Todorov e pelo semiólogo Roland Barthes, cujos trabalhos consistem no fundamento teórico da análise proposta. Nessa perspectiva, o objetivo é mostrar que, embora o conto de Bernardo Élis, por seu forte conteúdo social, tenha sido explorado principalmente em seu viés sociológico, a relação que a narrativa estabelece com a realidade rural brasileira não se pretende factual ou documental, mas encontra-se explicitamente mediada pela linguagem e pela tradição literária brasileira, em que se insere pela retomada de um episódio do romance A bagaceira (1928), de José Américo de Almeida.
Palavras-chave: Realismo; Figuras de linguagem; Bernardo Élis.
Abstract:Analysis of the short story “A enxada”, written by Bernardo Élis, published in the book Veranico de Janeiro (1966) and turned anthological by Alfredo Bosi, who selected it to be included in his collection O conto brasileiro contemporâneo (1975). This study aims to show one of the structural procedures of the narrative, which consists in recurrent and varied use of metonymy. The relation between this figure of speech and literary Realism was studied by linguists such as Román Jakobson and Tzvetan Todorov and by the semiologist Roland Barthes, whose works are comprised of the theoretical foundation of the analysis proposed. From this perspective, the focus of this article is to prove that, even though the story of Bernardo Élis, due to its powerful social content, has been explored mainly through its sociological bias, the connection that the narrative establishes with the Brazilian rural reality does not intend to be factual or documental. Nonetheless, it is found clearly mediated by language and the Brazilian literary tradition in which it is placed with the recallof an episode from the novel A bagaceira (1928), written by José Américo de Almeida.
Keywords: realism; figures of speech; Bernardo Élis.
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