O tempo conjurado
sobre “Para mascar com chiclets”, de João Cabral de Melo Neto
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.4.12-32Palabras clave:
João Cabral de Melo Neto, lírica, antropomorfismo, tropoResumen
Leitura de “Para mascar com chiclets”, de João Cabral de Melo Neto (1998), este ensaio explora as complexidades sintáticas e figurativas do poema, tomando como ponto de partida as tensões entre a aposta anti-ilusionista da poesia moderna e as intimações antropomórficas e alucinatórias da tradição lírica ocidental. Ato contínuo, ao destacar a sutil trama de interrupções que atravessa os versos, tenta-se mostrar como, neste poema, o senso de uma clivagem insuperável separando homem e tempo se dá ver menos como enunciado explícito do que como uma estranha solução de compromisso entre resistência e abstração, prosaico e sublime, na qual o mergulho obsessivo e mecânico na pura repetição torna-se o atalho inesperado para um bizarro ritual autodestitutivo.
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