Helena
representações de práticas de leitura e configurações do leitorado oitocentista brasileiro no romance machadiano
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.16..83-98Mots-clés :
Atos de leitura, Representação literária, Romance machadiano, Leitor.Résumé
Este artigo estuda as representações de atos de leitura presentes no romance Helena, de Machado de Assis, interpretando-as como instrumentos capazes de configurar o leitorado brasileiro oitocentista. Para tanto, são analisadas comparativamente as cenas de leitura protagonizadas por D. Úrsula, Helenae Estácio, tendo em vista as relações sociais, políticas e históricas que cercam a trama e as personagens recortadas. São observados modos de ler “masculinos”e “femininos”, que viabilizam a reflexão sobre o lugar da mulher nesse Brasil ainda patriarcal e já caminhando para o capitalismo. O objetivo é investigarde que maneira esse romance machadiano funciona para formar e manter padrões de gosto pela leitura literária. A argumentação se sustenta, fundamentando-se nas idéias de Wolfgang Iser, Roger Chartier, Marisa Lajolo,Regina Zilberman, Hélio Guimarães, entre outros.
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