A presença da literatura brasileira no exterior e a importância do agenciamento
uma análise guiada por conceitos da sociologia de Pierre Bourdieu
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.25.1.9-36Mots-clés :
Literatura brasileira traduzida, Sociologia da tradução, Pìerre Bourdieu, Clarice Lispector.Résumé
Este trabalho tem como objetivo analisar como a literatura brasileira tem sido recebida no exterior, com um enfoque especial no mundo de língua inglesa. Partindo do pressuposto de que a presença de nossa literatura em outros países não é muito expressiva, em primeiro lugar serão tecidas breves considerações sobre os principais motivos dessa configuração. Em seguida serão observadas situações em que indivíduos ou instituições, movidos muitas vezes por razões políticas, trabalharam na divulgação da literatura brasileira e de literaturas latino-americanas em outros países. Também serão averiguados casos em que indivíduos partem principalmente de uma motivação pessoal para divulgar literatura aqui produzida. Casos em que agências e organismos governamentais trabalham para essa divulgação serão analisados na sequência. O estudo parte dos Estudos da Tradução, baseando-se mais especificamente numa vertente que, na área, vem sendo chamada de Sociologia da Tradução, e que adota conceitos da sociologia de Pierre Bourdieu. Os conceitos em questão são quatro: capital, campo, habitus e illusio. Na parte final do trabalho serão apresentadas diferentes recepções da obra de Clarice Lispector no exterior, cada uma baseada em projetos de indivíduos ou grupos que seguiram suas convicções pessoais e agendas profissionais. A principal ideia a ser comunicada é a de que a divulgação de uma literatura como a brasileira em países que têm um sistema literário hegemônico (como é o caso dos países do Primeiro Mundo) é um processo muito mais complexo e intrincado do que se poderia pensar a princípio, e que são fundamentais os esforços de “agentes” ou “embaixadores” nesses processos.
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