Duas faces do amor em A Paixão Medida, de Carlos Drummond de Andrade
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.3.239-258Mots-clés :
Carlos Drummond de Andrade, A Paixão Medida, lírica amorosaRésumé
Resumo: O artigo analisa dois poemas da obra A Paixão Medida (1980) para compreensão de duas faces do amor presentes na poética de Carlos Drummond de Andrade, sendo uma delas o amor comercializável do poema “A festa do mangue” e a outra o amor epifânico, presente no poema “Nascer de novo”. Para isso, serão descritos e analisados os modos de instauração das vozes dos poemas, ora pautados na objetividade, ora na intensa subjetividade da primeira pessoa; as gradações e regularidades rítmicas; a relação entre princípio identitário e epifania; o amor como concepção simpática das coisas e da alteridade; a relação entre locus adversus e locus amoenus; a presença da ironia drummondinana; o olhar empático do eu poético pela condição de existência no mangue; a mobilidade espacial dos clientes do mangue como contraponto do isolamento das meretrizes e manutenção da exclusão social e econômica. Os sujeitos de ambos os poemas, diante das adversidades econômicas, políticas e sociais, buscam alternativas de existência e sobrevivência num mundo desajustado. Pretende-se evidenciar que o amor transitório do mangue e o amor-poesia-epifania são duas formas de amar drummondianas, em meio à dura mitologia das cidades modernas.
Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade; A Paixão Medida; lírica amorosa.
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