Entre cartas e cadernetas latino-americanas
contribuições para a reflexão sobre arquivos de escritores
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.4.367-394Mots-clés :
correspondências, arquivos de escritores, escritas de si, Gabriel García Márquez, Carlos Heitor ConyRésumé
Resumo: Objetivando formular reflexões sobre o trabalho com as escritas de si e os arquivos dos escritores, este artigo levanta, mais do que respostas, alguns questionamentos. A direção a ser tomada é dupla: de um lado, as correspondências de Gabriel García Márquez, especificamente as cartas trocadas por ele, entre 1961 e 1971, com o amigo Plinio Apuleyo Mendoza, também jornalista e escritor. Na outra direção, aborda-se um objeto extraliterário presente no arquivo de Carlos Heitor Cony, a caderneta de telefones que ele levou a Cuba em 1968, problematizando como analisar esse objeto e interrogando as possíveis contribuições de tal análise. Se a aproximação entre escritores tão diferentes pode soar estranha, ela partiu, no entanto, das semelhanças existentes entre as trajetórias de vida dos dois, que vivenciaram as agruras dos estados de exceção, dentro e fora de seus países, carregando a militância jornalística e literária ora para as páginas da imprensa, onde atuaram como cronistas, repórteres
e colunistas, ora para as páginas dos romances. Além disso, partiu da busca de constituir fios de diálogos entre pesquisas que estão sendo feitas em simultâneo e que se voltam para os chamados gêneros íntimos, o que permitiu expandir a visão no sentido de acolher tais elementos – a caderneta e a correspondência –, visando a (re)discussão a seu respeito e pensando, inclusive, se tais peças poderiam vir a ser consideradas como literárias.
Palavras-chave: correspondências; arquivos de escritores; escritas de si; Gabriel García Márquez; Carlos Heitor Cony.
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