A lâmina da letra
Luiz Costa Lima, a escrita oralizada e a poética de João Cabral
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.4.98-117Mots-clés :
Luiz Costa Lima, crítica, oralidade, João CabralRésumé
Este trabalho visa refletir sobre ensaios críticos de Luiz Costa Lima em que o autor analisa o estranho lugar do intelectual brasileiro e latino-americano. Exercendo suas atividades em território pouco afeito ao cuidado detido com a escrita, com o esforço analítico e muito influenciado por expressões ligadas à oralidade e ao exagero retórico, o intelectual e o escritor que habitam os trópicos, muito comumente, situam-se como estrangeiros diante de seu objeto de trabalho e de seu próprio país. Muitas vezes assumem uma escrita relacionada à fala cotidiana visando à comunicação mais direta com o público. Iremos estabelecer análises relativas ao posicionamento de Costa Lima frente a essa questão, enfatizando os conceitos – tratados pelo autor – de improviso e auditividade. Trataremos dos livros Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria (1981), Pensando nos trópicos (1991) e Frestas: a teorização em país periférico (2013). Ao final, demonstraremos como as ideias de Costa Lima transitam entre textos sobre o pensamento brasileiro e críticas literárias. Tomaremos como exemplo análises do autor relativas à obra do poeta João Cabral de Melo Neto presentes nos ensaios “A traição consequente ou a poesia de Cabral”, do livro Lira e antilira: Mário, Drummond e Cabral (1968) e Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria (1981). Buscaremos mostrar que os estudos sobre improviso e auditividade configuram-se como importantes modelos analíticos. Os textos apresentam ricas ferramentas que nos ajudam a entender melhor a cultura e a produção literária do país.
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